Bem sei que é de mau tom chagar os meus queridos colegas da escola com este assunto nos seus (meus também) últimos quinze dias de férias, mas como eu digo tudo o que penso, e acho importante pensar sobre isto, vou falar-vos daquele período comercial que começa por esta altura, inícios de Setembro, o Regresso às Aulas.
Pois é, nesta altura os papás dos meninos em idade escolar estouram o pouco que restou do subsídio de férias (se sequer o havia!) e o ordenado do mês de Setembro em tralha para os meninos, que é como quem diz, material escolar...
Vamos começar pelo assunto que eu penso ser mais gravoso e que acaba por pesar mais na carteira... os livros! Este ano, segundo a informação da RTP, para o 1º ciclo os livros ficam à volta dos 25 €, para o 2º, para cima dos 75€ e se bem me lembro, para o 3º ciclo, por cada aluno os pais tinham que dispender para cima de 125€, recorde-se que estes têm mais disciplinas que os meses do ano! Ora, mas não está consagrado na constituição, ou na lei que a educação é gratuita e obrigatória!? Bem se, só em livros (material obrigatório, refira-se) se gastam estas quantias, não vejo aonde está a gratuitidade do sistema de ensino. O pior é que entre irmãos (mesmo de idades próximas) os livros nunca são os mesmos.
E agora, depois de criticar, sugiro... Sim porque eu não sou como certos e determinados comentadores televisivos que dizem mal mas não dizem como fazer bem... E sugiro com um bom exemplo de fora, um país que por acaso (ou não) é mais desenvolvido que nós e tem sem dúvida um melhor sistema educacional, a Suíça. Na Suíça, os livros são emprestados aos alunos e têm de ser devolvidos no fim do ano... Os pais não pagam um tostão a não ser claro, que estraguem os livros.
Agora vejamos... porque é que em Portugal tal nunca foi pensado pelos governos? A resposta é simples e se calhar, demasiado repetitiva... lobbies! Claro que se os pais não fossem obrigados a comprar livros diferentes todos os anos, empresas como a Porto Editora, Texto Editora, Areal, Lisboa Editora, Arnado, etc, etc. não lucrariam nem metade. Havia claro está uma opção mais óbvia e melhor para o país. Pois se, por enquanto, a educação (ainda) está entregue ao estado devia ser o estado a elaborar os livros do 1º ao 12º ano conforme as disciplinas, assim teriamos um único livro, um único editor, o programa totalmente respeitado e o estado ganharia dinheiro com isso... Como é óbvio, isso é inconstitucional, por ser contra a liberalização do mercado, mas mais até por ser contra os interesses privados, o consumismo, os ditos lobbies...
Mas claro que a acrescer aos 125 €, 75€ ou 25€, há ainda os cadernos, as canetas, os lápis, as réguas, as mochilas... Aí entra mais uma vez a sociedade de consumo, os privados... Como é óbvio os míudos preferem uma mochila da Floribella ou dos Morangos, em vez de um saco 2 vezes mais barato, mas com tanta ou mais utilidade. É evidente que os cadernos da Flor ou com as carinhas larocas da novela juvenil do Sr. Moniz vendem melhor que os meus cadernos de capa preta da âmbar... Preço dos primeiros: 2,50€-3,50€, preço dos segundos: 0,70€... Até dói a diferença... Claro que os papás seduzidos pelos olhinhos lindos das crianças, acabam por se tentar a comprar os primeiros... Aumentando ainda mais o preço do cabaz da escola, que se caro já era, mais caro se torna.
É por isso que muitos pais hoje têm de contraír empréstimo, até para oferecer a melhor educação aos seus filhos. Infelizmente a educação gratuita e igual para todos é cada vez mais só para alguns... Moral da história. Para ter uma boa educação ou tem pais ricos, ou ganhou a lotaria, ou... foi ao BES.
12 comentários:
Bolas, tava mesmo para fazer um post sobre este assunto! :)
Para ja não falar dos universitários...
Além das proprinas ainda se tem que muitas vezes comprar livros de 150 euros ou mais (cada um). Muitas vezes existem cópias destes mas muitas delas nem se encontram disponiveis em português!
O país nao desenvolve porque nem para a educação dos seus futuros Homens o governo contribui.
É uma grande treta é o que é...
Tens razão: a educação está entregue aos lobbies. "Valha-nos" o espirito da banca que "põe" à disposição dos menos abonados créditos, todos pintados com lindas cores e embelezados com florinhas. Depois os juros e o endividamento do pessoal é aquilo que sabemos. Quando for grande quero ser uma excluída social. Assim tenho direito ao subsídio escolar de livros por inteiro e ao subsídio de alimentação, já não para falar do rendimento mínimo garantido e subsídio de integração.
Foste etiquetado por mim. Não sejas do contra e vê lá se escreves algo :-)
É só para dar os parabéns pelo excelente post. Pensei mesmo nisso quando vi cadernos dos morangos com merda à venda.Mais enervante é fazerem do regresso as aulas um acontecimento carnavalesco digno de festa. É gozar com os alunos, k kerem tudo menos ir para as aulas, e com os pais k vao gasstar dinheiro.Em meados de agosto já falam em regresso as aulas...
Deculpa o meu comment estar fraco mas não estou em casa nem no meu pc.
Fica bem.
É como sempre, verdade! O oportunismo do governo acaba quase sempre (infelizmente!) por se sobrepor à qualidade de vida do povo e ao direito e dever à educação.
O facto de se despender tanto capital na compra dos manuais escolares vai, como sempre foi, beneficiar à grande, os nossos governantes, que se “alimentam” vorazmente do pouco ou quase nenhum capital disponível da maior parte do povo português (como foi retratado pelo Zeca Afonso, na Vampiros!)! Mas, atenção! Nem todos são uns “desgraçadinhos”, e quando digo isto é a pensar naqueles pais, que cedem à chantagem emocional dos filhos e lhes compram material escolar (e de outros géneros…) muitas vezes desnecessário, apenas com o fim de amenizar uma issue familiar!!! Esses pais, sim, são uns “desgraçados”! Dando esse tipo de educação aos filhos estão a contribuir erradamente para que o Estado enriqueça, de uma forma muito injusta!
É a pensar precisamente nesses pais e nesses filhos chantagistas, que ponho também aqui um poema, que mais à frente explicarei.
O dedo mais que dedo dos meus dedos
este undécimo dedo dos meus dedos
clarividente cego entre os meus dedos
conhece-te melhor do que os meus dedos
Percorre-te por dentro Encontra dedos
os dedos que por dentro de ti dedos
mais dentes são gengivas do que dedos
mais palatos em fogo do que dedos
E súbito pergunto Que é dos dedos
ó mais unhas por fora do que dedos
ó mais luva por dentro do que dedos
Mas eis de novo dedos dedos dedos
apertando em seus dedos ah tão dedos
o dedo mais que dedo dos meus dedos
David Mourão – Ferreira
[Matura Idade, 1973]
Bem, neste momento vocês devem-se estar a perguntar o que é que este poema tem a ver com o tópico…pois bem, eu digo-vos, tem tudo!
Este poema de David Mourão – Ferreira, escrito pelo menos dois anos antes da Revolução dos Cravos (o poema foi publicado em 73, mas escrito dois ou três anos antes…), retrata um pouco a consciência de cada pessoa, esse “este undécimo dedo dos meus dedos/clarividente cego entre os meus dedos/conhece-te melhor do que os meus dedos” é a consciência humana, isto, na minha opinião.
Naquela altura, em que como sabem o povo vivia em miséria, opressão e alta censura, era difícil alguém expressar-se de forma óbvia (era, em geral, difícil sequer alguém expressar-se de que forma fosse!!!) sem ser censurado e, por isso, recorria-se a esquemas mais camuflados (como neste poema…) para obter o efeito. Claro que os idiotas que se encarregavam do sistema de censura, não iam entender sequer o “núcleo” deste poema!!! Bem, mas isto já é outro assunto, por isso, voltando à questão anterior.
A verdade é que se contam pelos dedos das mãos (e não iríamos precisar de um undécimo dedo…) os pais que não cedem à chantagem dos filhos e que arriscam, em prol da boa educação, ensinar-lhes os valores não materialistas que já há muito deviam ter sido implementados e cultivados por todos os pais!
E o facto de as pessoas terem que contrair empréstimos só para “fazer as vontades” aos filhos, é uma coisa que me revolta a sério!
Bem, e antes que isto vá “out of the frying-pan, into the fire” é melhor despedir-me:
vis valeque (em latim, adeus e passa bem)
E lembrem-se bem: Odi profanum vulgus et arceo – em latim, Odeio a vulgaridade e afasto-me dela.
P.S – Tiago, o final do teu post foi mesmo bombástico (aliás todo o teu post tava muito inteligente mas, o fim é que é o ponto alto!).
Só adorava que pudéssemos, de alguma forma transmitir essa ideia noutro meio de comunicação, talvez um jornal, daqueles mais “liberais”!!!
Tal como os morangos com audiencias e sabor a merda os anuncios do regrso as aulas tambem vivem num mundo a parte.
Ou seja sao um bando de miudos alegres e contentes por ir para as aulas, tambem não existem, pretos defecientes ou pobres, toda a gente esta feliz e contente os empregados tem aquele ordenado de miseria mas estao contentes por ajudar os consumidores, os consumidores vao gastar uma pipa de masa mas tambem estao contentes (sera marijuana)
E agora um momento de descarada publicidade (estilo ficçao nacional espanhola que pasa em portugal) conheça um mundo diferente visite www.blayer.blogs.sapo.pt
Concordo!
Este país nao investe no motor do avanço da sociedade: EDUCAÇÃO!
Eu para ter os livros de 3 disciplinas gastei 98.28€...Bolas...
E claro que se é assim no secundário, na univ. é muito pior...porque neste país só estuda quem pode!
Fiquem bem!
É verdade Sara...eu também vi! Cadernos dos MCA...
Mas eu xeguei a ver o cumulo...cadernos a 7.00€ cada!
Um poste muito bem elaborado, sim senhor. ^^
Este é um tema que me causa náuseas, sinceramente.
Ensino gratuito? O tanas!
Falando infantilmente.. :p 'Quando fôr grande quero «chere» patroa duma editora'
Eles todos os anos nesta altura devem ganhar FORTUNAS só com os livros escolares! E o Governo ainda mais...
É como alguma gente diz e é verdade, 'o povo tá aqui a manter «pançudos»'.
Enquanto o governo nada em dinheiro, o povo coitado, anda a mantê-los como o vaqueiro dá a palhinha ás vacas.
Este ano só 3 dos meus livros que pedi emprestados, custariam 50€ se eu os fosse comprar! Tomara os outros...
Não sou nenhuma rapariga rica, muito menos mimada. Sou como a Sara(também aqui só entra 1 ordenado), e não vivo em luxo nenhum.
Porém conheço muitas outras que vivem numa «boa» e não fazem nada, muito menos têm experiência da vida. Recebem tudo o que querem e mais alguma coisa de mão beijada e basta pedir ao 'papá' uma PSP, que o papá em menos de 12 horas entrega á menina.
Pra eles os livros escolares devem ser uma pechincha, presumo eu.
Mas prontos. A vida é assim. Uma riqueza pra uns, uma injustiça pra outros.
Bem-vindos a Portugal! Bem-vindos ao «inferno económico»!
Fica bem ^^
P.S.: Comentário por Phanta :p
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este e um assunto que me da gozo comentar
primeiro achu que os politicos deste pais deviam enterrar a cabeça na areia quando vem a publico dizer que o ensino e gratis e depois a familias a gastar 700 e 1000 euros para os meninos estudarem...
É VERGONHOSO...estes senhores nao se preocupam com estes aspectos porque normalmente tem dinheiro a fartasana o que lhes permite meter os filhos em colegios privados e outros...
outra coisa e que alem dos livros e dos materiais esqueceste te de duas coisas
1ª a matricula que sao 7,5E por aluno acima da escolaridade obrigatoria...
2ªo seguro escolar este sao 3,5E dependendo das escolas... mais uma vez achu uma vergonha com tanta despesa achu que mais vale a pena fechar o pais a chave e mandar a chave ao mar ou fazer um leilao podia ser que isto assim melhorasse de alguma forma...
desculpem a extensao
abraços
jpina
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