segunda-feira, setembro 29, 2008

Crise

É oficial, o mundo está em crise. Ainda há sensivelmente um ano, ouvíamos o nosso ilustríssimo ministro da Economia a dizer que "a crise acabou" e, por estes tempos, ouvimos, tão só, todos os mais importantes líderes mundiais, atarantados com uma crise, da qual se diz que pior só em 1929, e ainda não se viu nada...

É um facto, que nunca o Homem teve tantas facilidades. Facilidades de comunicação, de partilha de informação, de transporte, um vasto leque de oportunidades de fazer bons negócios, enriquecer, mas acima de tudo, nunca tivémos tão boa qualidade de vida. Há 100 anos nunca imaginaríamos os aquecimentos centrais, o gás canalizado, a água saneada. Há 50, o presidente da IBM afirmava que no mundo havia mercado para 6 computadores, se tanto, há 20, ninguém tinha um telemóvel... Hoje temos tudo!

Mas, o preço é elevado. Apesar das tantas oportunidades de compra, tantas novas "necessidades" que se criaram, os salários e as oportunidades de emprego, não acompanharam esse crescimento. Quem fala em salários fala em tantos outros factores económicos. O que é facto, é que a economia foi-se adaptando, foi-se adaptando, tenta, mas não consegue acompanhar o boom tecnológico a que assistimos. Cumulativamente, gasta-se cada vez mais energia e as reservas de petróleo estão a diminuir a um ritmo impensável. Tudo isto faz com que gastemos cada vez mais, e tenhamos cada vez menos.

Para manter o nível de vida actual, muitas, e cada vez mais pessoas têm de recorrer aos créditos. Antes pediam-se empréstimos para comprar a casa e o carro. Hoje, muitas pessoas, pagam tudo às prestações: a casa, o carro, a televisão, o computador, os móveis, a roupa, o material escolar, etc. O número de pessoas a recorrer ao crédito e a viver acima das possibilidades bate recordes sucessivos! E, pensavam os bancos que isto era bom... Foi bom, até à altura em que as pessoas pediam emprestado e podiam pagar. Mas tudo tem um limite, e a corda foi esticando foi esticando, e está a começar a ceder, até que vai acabar por rebentar violentamente. Mas não é só o crédito de cada pessoa, de cada família, que estica. É também a dívida das empresas às outras empresas, a dívida dos países aos outros países, e, por último, a dívida que a humanidade tem para com a Terra, isto é, demos tão pouco de bom ao nosso planeta, e o que tirámos é já imensurável.

Agora, procuram-se soluções, a meu ver tarde de mais. Há mais de 20 anos que se fala nas alterações climáticas, na escassez de petróleo, no aumento galopante do endividamento a nível geral, e, quem estava bem, tudo fez para manter esse nível, e, deitou abaixo quem já não estava muito bem. Quem estava na mó de cima, tentou agarrar-se ao poleiro com unhas e dentes, mas, depois de um último fôlego, vai cair abruptamente. As políticas económicas monopolistas, egoístas, acumuladoras brutas de capital estão a fracassar e acabarão por ruir.

Está na altura de as pessoas deixarem de olhar para o umbigo, de as empresas pararem de olhar para o umbigo, de os países pararem de olhar para o umbigo, de a humanidade parar de olhar para o umbigo. Lanço este alerta, para que se salve o planeta, que se pense uma nova economia, uma economia equilibrada, uma economia "económica", uma economia pensada à escala global e preocupada com o ser individual e com a saúde do nosso planeta.