terça-feira, dezembro 05, 2006

Aquí no manda Mr. Danger!

"Aquí no manda Mr. Danger! Venezuela es Independiente!" Foram estas as palavras de Hugo Chavez, na sua 3ª vitória para as eleições presidenciais, dirigidas obviamente para o seu arqui-inimigo G.W. Bush. Ao mesmo tempo, mesmo ao lado, em Quito, Rafael Correa, outro socialista, amigo de Chavez e de Fidel (Claro!) vencia as eleições equatorianas contra o magnata das bananas, Alvaro Noboa.
Isto leva-nos a uma constatação. Sucessivamente, os candidatos socialistas da América Latina têm levado a melhor sobre os pró-americanos. Já não é só Castro e Chavez, é também Evo Morales e agora Correa, todos lutando um pouco contra esta corrente capitalista que se tem vindo a instalar em todo o mundo. Na América Latina, convença-se Bush, ele já pouco manda. Em tempos mandou muito. Tinha em seu controlo (através das suas abençoadas multinacionais) as reservas de petróleo, esse fluido viscoso que faz girar o mundo capitalista. Mas Chavez e Morales não dormem e tiraram o petróleo a Bush como quem tira o biberão a um bebé. Para além disso, aqueles magnatas que outrora eram donos e senhores de todos os negócios (limpos e sujos) vêem agora serem-lhes atadas as mãos e os pés. Refiram-se as políticas fortes de Chavez no combate ao tráfico de droga e de armas.
Agora Bush chora, ou como pessoa crescida que é, afoga as mágoas num Logan de 15 anos. A sua estrategiazinha de dominar o mundo, nomeadamente, o mundo do petróleo, começa a falhar. Logo a seguir ao 11 de Setembro, através do medo, muito bem amplificado pelas televisões, os Estados Unidos conseguiram fazer crer à maior parte das pessoas do mundo que, ou estavam com eles ou eram terroristas (a Venezuela e Cuba faziam parte do eixo do mal, lembram-se?). Agora as pessoas aperceberam-se que a frase de Chavez "Mr. Bush. You're a donkey" está literalmente correcta, que esta ordem mundial está errada e agora respiro ligeiramente melhor ao ver que o mundo já não pende só para um lado (é que qualquer dia a balança ainda tombava!) e já há um pouco de equilíbrio. Não é nada que se compare à guera-fria (e ainda bem) mas é bom saber que há oposição, que eu não estou só!
Pena é que em Portugal "Mr. Danger" ainda mande... E é um governo socialista!(!?)

2 comentários:

Daniel C. disse...

A propósito:

Estão na ordem do dia as noticias que nos chegam do Chile, onde um dos mais perversos e sanguinários ditadores da história, Augusto Pinochet de seu nome, está às portas da morte.
Em 1973, este boneco fascizóide, foi o lider de um golpe militar que derrubou Salvador Allende. Salvador Allende era um reputado esquerdista que tinha sido eleito em eleições livres e democráticas. Desde a sua eleição, rios de dólares norte americanos inundaram o Chile através de empresas fachada da CIA, contribuindo para uma corrupção generalizada, tumultos sociais, e em última análise financiaram o golpe militar de 73. Salvador Allende, suicida-se aquando do golpe no interior do Palácio de la Moneda, enquanto este era bombardeado.
Durante 27 anos, o medo, a ditadura, os esquadrões da morte, e uma completa subserviência aos EUA imperava. Nunca foi julgado, ou condenado por nenhum dos seus crimes.
A história tem uma tendência natural para se repetir. Até quando os EUA permitirão que no seu "quintal" existam governos esquerdistas desafiantes à sua hegemonia global? No contexto bipolarizado da guerra fria, existem inúmeros exemplos de como os governos da américa do sul, eram contextualizados de acordo com o interesse estratégico dos EUA. Não era só Pinochet, eram Galtieri, Strossner, Banzér, o governo militar do brazil, a infame operação Condor (curioso ter o mesmo nome da unidade de elite Nazi, que bombardeou Guernica), tudo em nome da politica de "boa vizinhança" imposta por Washington.

P.S.- A este propósito leiam Luis Sepulveda, ou Santiago Gamboa. A ficção de quem viveu estes dias.

Anónimo disse...

Não é possível ser-se `anti-tudo':

Se realmente fossem `anti-tudo' então seriam também anti-`ser anti-tudo'.

Logo ou não são corentes, ou estão a mentir. Em qualquer um dos casos, não são `anti-tudo'

q.e.d. ; )