sábado, junho 03, 2006

Os Estrangeirismos - Evolução ou Invasão?

Olá! A pedido de uma das nossas assíduas visitantes, vou aqui deixar um post sobre os estrangeirismos.
Desde o século XIX, talvez com a maior mobilidade e comunicação proporcionada pelas novas invenções, tem havido uma grande invasão de palavras estrangeiras em Portugal. De início, a influência foi quase na totalidade francesa. Palavras ligadas à alimentação ou ao vestuário, são mais que muitas dessa época, desde Boutique, Éclair, croissant, bijuteria (de bijuterie), Écharpe, manicure, cabaret, etc. Era a mania do Français, "Ça va bien?" "Oui, oui, beaucoup de bien".
E tudo foi assim andando até por volta da década de 20 (os loucos anos 20), para além da música nova e mais mexida trouxe também alguns anglicanismos ligados essencialmente a géneros musicais e a toda essa loucura: Foxtrot, charleston, blues, jazz, show, manager, slow, soft, etc.
Entretanto, com o estado novo a importação de estrangeismos decresceu bastante, mas por volta dos anos 80, um novo dicionário aparecia para os teenagers da altura: cool, teenager, party, stress, trance, motard (substituindo o antigo motoqueiro), Ok, Ya (do alemão ja), sei lá, são tantos que nem nos apercebemos...
Por último, a era da informação, trouxe mais uma catraifada de novas palavras: Internet, browser, web, chat, e-mail, e as mais aberrantes do tipo loadar ou deletar, né? Para além disso há hoje em dia uma nova corrente de palavras, que nem sei se se pode chamar assim, usadas muito no Messenger ou no telemóvel: Lol, é o cúmulo, já nem nos imaginamos a viver sem o lol, é lol para aqui, lol para acolá, se ao menos 20% das pessoas soubessem o que isso quer dizer: Laughing out loud! É que depois até a usam em situações despropositadas do tipo piada seca... aí até se generalizou o loool, que por lógica só significaria rir ainda mais alto (o que não deve ser o caso). Porque não VSJ (very stupid joke)? Isso sim era inteligente!
Bem mas passemos ao comentário em si... Eu não tenho nada contra os estrangeirismos até porque evoluem a língua (se não fossem eles estaria neste momento a escrever latim baixo e com algumas alterações fonéticas) Há que não esquecer que a nossa língua deriva de muitas: latim, grego, árabe, fenício e agora francês e inglês! Contudo temos que ter cuidado pois a banalização compulsiva de estrangeirismos pode levar à perda de uma peça tão importante na nossa identidade: A língua portuguesa, por isso, olhem, falem portinglês, mas não stressem!

P.S.: Para quem não percebeu, a piada final, stress em inglês quer dizer insistir, acentuar, no fundo, aquilo que vos peço é que não abusem... Estão a ver como é que o sentido das palavras se altera?

5 comentários:

Anónimo disse...

Hoje, hoje mais do que nunca, conclui que cada vez mais os poderes políticos e económicos prevalecem sobre a nossa própria e querida cultura.
Em vão tentei, mas foi impossível. Em cada canto que olhei encontrei influências ou mesmo vestígios do esmagador poder da Língua Inglesa. Quer no nosso próprio discurso (através da utilização de simples e já vulgares anglicismos), quer ao nível muito mais alarmante da tecnologia, entretenimento, comércio e diplomacia, encontramos a presença do Inglês.
Especialistas linguísticos teimam ainda que para nossa comodidade deveríamos adaptar esta língua como global e única. Outros, tentando ser mais neutros, levantaram a hipótese de uma língua inventada denominada “Esperanto”. Contudo tal não foi mais do que uma mera tentativa.
O que a minha mente não me permite compreender, querido diário, é como pretendem que, de simples e espontânea vontade pactue com este enorme passo para a Globalização e destrua a minha estimada língua materna.
Hoje, li uma frase interessante sobre tal: “as palavras toldam-nos o pensamento e o pensamento, por sua vez, tolda-nos a cultura e interesses”.
Será, então, a nossa sociedade hipócrita ao ponto de se subjugar perante outra (neste caso a inglesa e americana) e, assim destruir grande parte da sua cultura e própria individualidade?!

(isto foi 1 reflexão que fiz no inicio deste ano...não está tão bom como o teu texto..mas a minha arte não é lá muita!)

Beko the Great disse...

Obrigado sarita pelo teu enriquecedor comentário. Pois é, cada vez mais os poderes políticos, mas principalmente os económicos (que controlam também os políticos) controlam tudo na nossa sociedade, mesmo a cultura. Infelizmente vivemos numa sociedade manipulada e manipuladora, e é exactamente contra essa sociedade, que este blog existe!

Anónimo disse...

Bem obrigado tiago! Tens razao, vivemos numa sociedade manipulada i manipuladora! ainda bem que existe blogs como este ! Continua assim...

Anónimo disse...

É verdade, cada vez mais o Inglês e a língua inglesa dominam sobre os valores éticos e culturais de um país, não só do nosso, mas como de tantos outros, que se encontram igualmente nesta situação...um tanto alarmante!
Começo a pensar...é que qualquer dia, estranho é dizer "Obrigado" ou "De nada" em Portugal...isto, falo também por experiência própria...porque, reconheço, que nos últimos dias tenho andado com uma tendência para falar inglês com os meus colegas na escola...ñ utilizando expressões como "lol" e "Omg" mas, falando mesmo...tipo, passam-me uma folha de papel, e eu respondo "Thanks!" e qd me agradecem, lá vou eu "Any time!"
Tal como disseste, verfica-se nestes casos, igualmente, uma "banalização compulsiva" de estrangeirismos...e o melhor que temos a fazer é mesmo preservar o nosso património linguístico, ou seja, esforçarmo-nos para utilizar esse tipo de expressões apenas em situações que o requiram!!!
Esta é uma patitude absolutamente necessária a tomar! E com urgência, antes que o património de vários milénios se esfume em apenas alguns anos...

"Lols - smoke u...to death!!!"

Anónimo disse...

Realmente a nossa língua tem sofrido uma evolução quase alarmante no que toca a estrangeirismos. Uma evolução que se funde rapidamente com o nosso vocabulário e que nos vicia, quase sem darmos conta.
Para além de todos os exemplos que já deste (e bem) existe um outro bem presente na sociedade açoreana. Tudo começou com a base das lajes e a implantação dos americanos na Terceira; depois também passou a existir a emigração para as "américas" de pessoas de todas as ilhas, que, quando voltavam para reverem a família lhes deixavam novas palavras de uma língua inglesa mal aprendida que, em conjunto com a pronúncia característica destes insulares, criou uma espécie de dialecto(não digo que seja mesmo um dialecto assumido, mas que existem muitas palavras diferentes... lá isso existem).
Não foram só os jovens, grandes apoiantes da novidade, que o acolheram e, actualmente, são mesmo só os jovens aqueles que não o usam tanto.
Existem palavras para tudo um pouco, desde vestuário, objectos, comida, até mesmo verbos.
Em muitas dessas palavras ja nem consigo encontrar uma tradução para inglês e acho sinceramente que muitas delas nem derivam dessa língua mas talvez de um conjunto de várias línguas dos antigos senhores das ilhas. Um caso a pesquisar.
O porquê de, no passado, se iniciar este tipo de linguagem acho que se deveu ao ainda hoje existente complexo açoreano de inferioridade. Embora poucos queiram aceitar a verdade é que sempre achámos que os outros eram melhores que nós: mais cultos, mais importantes; se eram esses que falavam de forma diferente então também deveriamos falar como eles, para sermos iguais a eles...


E, apesar de agora os estrangeirismos serem outros, as palavras ficam. Não as digo aqui, :P para haver curiosidade, mas tiago, se estiveres interessado, eu tenho uma lista!