segunda-feira, abril 30, 2007

Fénix...

Num futuro não muito distante...

A Terra jazia moribunda perante si própria, destruída pela impetuosidade e superioridade daquela que se julgara outrora ser a sua melhor criação. A humanidade evoluíra de uma forma exponencial, num ritmo frenético de invenções e novas criações, a cada dia, a cada hora, a cada instante, tudo parecia caminhar para a perfeição. O Homem já não só era dono de si, era dono da Natureza, do Universo... Julgava-se que sim... Não podiam estar mais enganados! A sensação de controlar tudo, de ter o poder sobre tudo, levou o Homem a um ciclo vicioso de dependência mórbida de mais, mais e mais. Essa constante insatisfação, sede de poder, ganância sôfrega, levou-o ao ódio, à violência, à guerra, à destruição, à morte, ao Apocalipse.


Pestes, pragas, poluição, corrompiam-nos as veias; Altas voltagens, fumo e radiação derretiam-nos os cérebros; e ódio, inveja, ganância continuavam a alimentar a sede demoníaca dos nossos obnubilados cérebros. Mesmo no fim, numa altura de extrema escassez e mortalidade, não houve união entre os homens. Se uma poça de água havia, quem a encontrasse primeiro que a bebesse, se outro aparecia lutava-se! O mais reles e puro instinto animal! O problema é que até aí nunca o Homem, apesar de se achar racional, superior e poderoso, deixara esse instinto de parte. Lutar sempre pelo melhor bocado... Um campo mais fértil, uma mina mais produtiva, um rio mais limpo, uma floresta mais rica, um deserto com mais petróleo... Tempos houvera em que, para se evitarem as guerras, existia uma tal de diplomacia... Tretas! Diplomacia, democracia, paz, união, fraternidade, liberdade, igualdade... que palavra tão lindas! Mas quando aparece uma única palavra: PODER, tudo o resto é pó! E era ao que a humanidade, o mundo estavam reduzidos... Pó! Os montes, outrora vastos e verdejantes eram entulho de lixo, muito do qual radioactivo, os rios, com os seus recantos de beleza extrema, onde muitas crianças aprenderam a nadar, e muitos amantes aprenderam a amar, eram piores que esgotos: ou estavam secos ou corria neles um líquido viscoso, peganhento, nauseabundo... o muco da morte. E o céu... Azul? com nuvens? chuva? Não! Negro, radioactivo, pedaços de lama negra escorriam, até sangue caía do céu! Pó... Fora nisto que o mundo se tornara.


Os anos iam passando penosos para os que moribundamente iam sobrevivendo, cada vez menos. Ninguém confiava em ninguém. Sabiam que se alguém se aproximasse, algum dos dois iria morrer. Mas as armas já tinham acabado. Os carros e as fábricas há anos que não debitavam fumo. Contudo, as suas consequências continuavam bem marcadas na superfície do globo, não mais o planeta azul, cada vez mais o planeta negro. Negro, sombrio e tranquilo... de morte! O silêncio sepulcral era, agora, a imagem de marca do mundo. Apenas de vez em quando um último grito agoniante, mas cada vez menos se ouvia esse grito de morte, até porque eram cada vez menos os suspiros de vida. As luzes estavam-se a apagar, tudo apontava para o Juízo Final...


Mas miraculosamente, passados tantos anos de sofrimento mergulhados em escuridão total, tantos que a memória e a ausência de Sol não permitiram contar, a Terra, como sempre, e num último sufoco para a sua sobrevivência, começava a dar a volta. Pequenos raios de luminosidade começaram a irromper pelos céus acabrunhados, começaram a desabrochar as primeiras flores, alguns animais começavam-se a aventurar fora das suas toca. Água! Água límpida começou a brotar das montanhas. A Terra não morrera! A ferro e fogo, com armas, fumo e radiação, o Homem destruiu tudo o que a Terra tinha de bom, tudo o que durante milhares de milhões de anos demorara a fazer fora destruído por um único ser com existência curta. O Homem queimou a natureza... Mas das cinzas, renascera a Fénix, o pássaro de fogo, que trouxe a esperança de novo ao planeta! Fénix, o renascer do Mundo.


Epílogo


Ao Homem... Coube-lhe o Julgamento Final. Não foi um Cristo, ou um anjo descido dos céus que o fez, foi o próprio Homem, embaraçado, envergonhado, pela situação que ele próprio havia criado, pôs a mão na consciência e pediu perdão, mostrou o mais profundo arrependimento, no último grito com as útlimas forças que tinha...
Deus ouviu-o! Diz-se que Deus perdoa tudo e, se Deus existe, perdoa de facto tudo, ao Homem foi dada a oportunidade de começar tudo de novo. Um daqui, outro dali, foram-se juntando em pequenos grupos, depois tribos, fixaram-se em aldeias, depois as primeiras cidades... O ciclo recomeçara, mas desta vez os homens tinham presente tudo aquilo que havia sido o passado, as trevas, o período em que estiveram quase a desaparecer, mas Deus, criam eles, salvara-os.
As histórias do tempo das trevas ficaram registadas, mas também o tinham ficado, antes, as histórias bíblicas do Dilúvio, da Torre de Babel, do Êxodo, um livro inteiro de histórias moralistas, reais, mas deturpadas ao longo dos séculos e que perderam o significado ao longo das gerações. Por mais que a Terra ou Deus nos dêem novas oportunidades, nunca as saberemos aproveitar, é a triste condição humana. Erramos, aprendemos com os erros e, quando estamos bem, esquecemo-nos dos erros que cometemos. É um ciclo, o ciclo vicioso em que estamos para sempre encarcerados.

16 comentários:

peace_love disse...

Qual música??

Beko the Great disse...

Por enquanto a música ainda não está disponível, mas estou a dispor do meu tempo no sentido de a colocar ao vosso dispor com a mínima das brevidades... LOL! Já não posso ter um discurso demagógico, é? O problema é que isto está esquisito... Enfim, problemas informáticos

Zeca Paleca disse...

Ó pá: Isto até parece O SENHOR DOS ANÉIS.

Faltam asqui as minhas laranjas. Vem buscá-las ao
http://lusoprosecontras.blogspot.com

Belo BLOGUE!! Parabéns.

eheheheheh

Anónimo disse...

anti-tudo?????
voces sao uns comunistas de merda

Aline Cedrac disse...

Epah...espera aí...o post k o Tiago escreveu, d uma forma brilhante, refere-se ao Apocalipse e agora referes-te a multipluralismos democráticos, dos kuais fazem parte o Comunismo, k ñ tem nada a ver km o assunto!
É que são totalmente opostos: Comunismo e Apocalipse encontram-se em diferentes e bem distintas faces da medalha!
Bem,isto foi só um aparte...pk o texto tá GRANDIOSO..e, realmente, a mim tb me faz lembrar,devido a essa mesma grandiosidade, a obra d J.R.R. Tolkien!

Continua..*.*

Jnhx

P.S - Epah e até podíamos ser comunistas mas não é isso que se coloca em causa aqui!Aqui, somos todos da mesma cor política!

Beko the Great disse...

Caríssimo "Anónimo", neste blog e especificamente neste texto não faço nenhuma referência directa a qualquer corrente ou cor política.
E eu, enquanto escritor neste blog, tento colocar sempre a minha opinião pessoal, se por ventura coincide com algumas opiniões políticas é perfeitamente normal, porque com certeza o sr. Anónimo tem também algumas opiniões pessoais convergentes com outras opiniões políticas.
Por outro lado, não tenho nada escrito em qualquer parte deste blog a dizer "Permitido apenas a Comunistas, Marxistas-Leninistas, Trotsquistas e outros que tais", de tal modo que este é um espaço pleno de democracia, eu diria até, de anarquia, dado que ao não fazer qualquer tipo de controlo sobre os comentários postados neste espaço, deixo que comentário do género ordinário e grosseiro como o seu apareçam aqui.
Já agora, da próxima vez que quiser criticar opções políticas, ou outras quaisquer opiniões dê a cara ou ao menos o nome e não se refugie num "Anónimo" e de preferência apresente argumentos convincentes. Pode ser que estes "Comunistas de Merda" mudem a sua opinião, se o exclentíssimo anónimo tiver uma boa retórica e bons argumentos, coisa que desde já, duvido muito.

Volte sempre, porque neste espaço de discussão livre e aberta todos têm direito à sua opinião, sejam comunistas, socialistas, anarquistas, liberais, democratas-cristãos, nacionalistas ou fascistas (E claro que aqueles que não escolheram a sua cor política também têm palavra!).

Anónimo disse...

nao foi pelo post que falei do comunismo , foi por passar pelo blog. ja agora antes um comentario ordinario, do que perder tempo a faxer blogs ordinarios.que sejam comunistas na boa, agora vc nao e anti tudo, isso sim e a vedadeira beleza da anarquia.

mac disse...

Por isso é que o epílogo deveria dizer que o Homem tinha-se extinguido...

Tiago disse...

Eu quando abro o teu blog e vejo o tamanho do post vi logo que o título estava mal posto. A primeira coisa que pensei foi Fónix este post é enorme.

Depois comecei a ler e até gostei do post. Muito bem escrito e com ilustrações muito boas (os desenhos é para quem não se der ao trabalho de ler o post).

Continua.

Anónimo disse...

Adorei!!! Diz-se que o homem é o único ser racional, mas a sua capacidade de pensar só resulta na destruição da própria humanidade e das outras espécies que não têm culpa da "irracionalidade" humana. Ainda não aprendemos que a Natureza é mais poderosa que nós, mas insistimos em querer domina-la em vez de aprendermos e convivermos com ela.
bjs
julie

Beko the Great disse...

Sr. Anónimo,
Muito me espanto com a sua repentina mudança de opinião, depois de o Comunismo ser merda, já é "na boa" que o blog seja comunista.
Por outro lado, o sr. é o primeiro que chega a este blog e o acha ordinário. Desde já, os parabéns por esse feito!
Apraz-me saber que voltou cá. Confesso que não estava à espera, parece que afinal gostou... Deve-se dever ao facto de ser um blog ordinário como os comentários do Sr. Anónimo.

Enfim, não sei como continuo a perder tempo com pessoas das quais nem um Nickname sei e que há muito perderam a credibilidade e a oportuindade de contrapor bons argumentos.

sapiens disse...

há pessoas que não conhecem as metáforas e as hipérboles... um título, seja lá do que for, deve de ser apelativo, para captar a atenção de possíveis leitores. assim, o facto de o blog se chamar anti-tudo não quer dizer que o autor seja anti-tudo, porque senão também seria anti-ser-anti-tudo! o que, bem vistas as coisas, não tem uma lógica coerente, como o são as ideias expostas neste blog.
tendo tudo isto em conta, conseguimos subentender o sentido do título dado ao blog.


já agora, merda tem uma conotação negativa. se o senhor/senhora/ser com sexo não determinado está a usá-la numa situação em que deveria adquirir uma conotação se não totalmente positiva, pelo menos não negativa, a palavra "merda" perde o significado. o comunismo não é merda, e muito menos as pessoas que com essa filosofia se identificam. e como não sabe os ideais de quem escreve este blog, não pode dizer que somos uns "comunistas de merda".

agradecia que se contivesse nas palavras, porque parece-me que este blog só é ordinário na parte dos comentários. dos SEUS comentários!



bem , agora a parte importante:
eu também acredito que ainda vamos inverter esta auto-destruição em que nos empenhamos a cada dia que passa...


[oph é uma verdadeira aldeia, não? =P]

Casemiro dos Plásticos disse...

tu tás lá, gostei do post
abraço

Rafeiro Perfumado disse...

Estava para dizer que tinhas de deixar de ler o 24 horas, mas o texto está demasiado bom para piadinhas fáceis. Infelizmente não é ficção, é realidade, estamos a fecundar o nosso planeta e consequentemente o nosso futuro. E não acredito que possa haver uma marcha atrás... Mais uma vez, parabéns pelo texto, está excelente!

PS: não dês demasiada importância a anónimos

Anónimo disse...

1.Sou tao anonimo como o nome tiago
2.nao perca tempo comigo mas sim com este blog
3.Vc e indiscutivelmente de esquerda e por isso acho que tem uma mente capaz ,arguta , ...mas cheios de penssamentos de merda.
anonimo , francisco.

Anónimo disse...

"É um ciclo, o ciclo vicioso em que estamos para sempre encarcerados."

lindas palavras,
eu digo que o ser humano acredita em tantas coisas, adora acreditar... mas não acredita em sí próprio, busca tudo lá fora, e não percebe que está tudo dentro.
Felicidades

Om mani padme hum

* Om fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino dos deuses. O sofrimento do reino dos deuses surge da previsão da própria queda do reino dos deuses (isto é, de morrerem e renascerem em reinos inferiores). Este sofrimento vem do orgulho.

* Ma fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino dos deuses guerreiros (sânsc. asuras). O sofrimento dos asuras é a briga constante. Este sofrimento vem da inveja.

* Ni fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino humano. O sofrimento dos humanos é o nascimento, a doença, a velhice e a morte. Este sofrimento vem do desejo.

* Pad fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino animal. O sofrimento dos animais é o da estupidez, da rapina de um sobre o outro, de ser morto pelos homens para obterem carne, peles, etc; e de ser morto pelas feras por dever. Este sofrimento vem da ignorância.

* Me fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino dos fantasmas famintos (sânsc. pretas). O sofrimento dos fantasmas famintos é o da fome e o da sede. Este sofrimento vem da ganância.

* Hum fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino do inferno. O sofrimento dos infernos é o calor e o frio. Este sofrimento vem da raiva ou do ódio.