Já repararam que quando falta a electricidade, vulgo luz, ficamos sem saber o que fazer. É interessante observar que se falha a luz e estou no PC, a primeira coisa que me ocorre é ver televisão, fracções de segundo mais tarde apercebo-me que a luz falhou em toda a casa...
Pois é, estamos tão habituados em ter electricidade em nossa casa, que quando não há, ficamos algo desorientados. A isso pode-se chamar dependência. Ao fim e ao cabo estamos dependentes da electricidade para praticamente tudo, para tudo se estiver de noite. É que mesmo que não vejamos televisão ou estejamos no computador, podemos ter que aquecer algo no microondas, e podemos querer ler e não ter luz... Infelizmente esta dependência extende-se muito além das nossas casas... Precisamos de luz nas ruas para circular, as máquinas das nossas fábricas funcionam com energia eléctrica, as nossas empresas praticamente todas informatizadas necessitam de energia para trabalharem...
E se os electrões fizessem greve? E se aquela corrente do pólo negativo para o pólo positivo parasse em toda a Terra, em todo o universo? E se o electromagnetismo deixasse de fazer efeito? Nenhum carro se moveria, porque a ignição é baseada na electricidade, nenhum frigorífico funcionaria, não haveria geradores que funcionassem, enfim, o mundo voltaria àquela escuridão total que existia antes de Maxwel e Faraday, entre outros, terem compreendido os fenómenos do electromagnetismo.
Como vêem a electricidade é fantástica, admirável, mas o mundo habituou-se demais a este fenómeno e está agora electrodependente, tudo funciona baseado na energia eléctrica e nem se pensa sequer numa alternativa...
Mas não é só da electricidade que o nosso mundo está dependente, é também da água canalizada, do petróleo, das redes de saneamento, tudo pilares daquilo a que chamamos civilização. Claro que infelizmente, há países para os quais bom já seria ter comida para alimentar toda a gente e os quais não estão dependentes, mas sim carentes das mais básicas necessidades do Homem... a comida e a água!
E se, de repente, as pessoas do mundo civilizado, ou mundo ocidental, como preferirem, ficassem privados de todas as suas dependências? Sem electricidade, sem petróleo, sem água canalizada, sem saneamento, em última análise, e, se voltássemos à estaca zero? Se o Homem que hoje pisa este chão já muito mudado com as suas descobertas, pisasse o solo virgem pelo qual se comçou a aventurar há 20 000 anos atrás... Conseguiríamos viver, sequer sobreviver? Conseguiríamos adaptar-nos? Será que conseguiríamos fazer o belo trabalho dos nossos antepassados e transformarmo-nos na criatura mais evoluída do planeta? Recuando mais ainda, teríamos sobrevivido à idade do gelo, sem aquecedores a óleo, ou a gás? Conseguiríamos sobreviver sem poder comprar a carne partida no talho, sem as nossas panelas, as nossas frigideiras? Será que evoluímos tanto, que a nossa capacidade de adaptação desapareceu, por ser inútil?
Ficam as perguntas, as respostas, quem sabe se as teremos um dia...
5 comentários:
WOW... Excelente post. Concordo contigo: o Homem está cada vez mais dependente daquilo que cria. Está a perder a capacidade de adaptação. O Homem até já é capaz de enganar a selecção natural e em breve (com a manipulação genética) será capaz de manipular a sua própria evolução. Estamos cada vez mais a afastar-mo-nos do Homem animal que vive no mundo que já existe e a aproximarmo-nos do Homem que quase só consegue viver no mundo criado por ele próprio.
No entanto, no fundo, o Homem continua a ser um animal, tem instintos. Se essas "dependências" esse mundo que o Homem cria para si próprio desaparecesse, então o Homem deixaria de conseguir enganar a selecção natural e apenas aqueles com melhores capacdades de adaptação sobreviveriam, os outros morreriam ou ficariam dependentes dos primeiros. Sem essas "dependências", estaríamos mais próximos do Homem na sua natureza mais básica e instintiva.
Fica bem...
Se isso acontecesse era um bom sinal: sinal que ainda não tínhamos destruído o planeta, ou que tínhamos regressado à mãe natureza. E uma vez que a selecção natural imperiaria, os subsídio-dependentes seriam uma espécie em vias de extinção.
Excelente post
Pior dependência de todas »»» telemóvel!
kem dixe k a noit precisas d luz pa td??? ham??? há pelo mens 2 coisas k s fazem bem as escuras... dormir e outra coisa k n vou dzr pk inda és mt novo... inda n tens idade... lool
É verdade, logo após a electricidade “ir abaixo”, é quase como uma acção involuntária, dirigimo-nos logo para algum aparelho que nos entretenha durante aqueles longos minutos…e por vezes horas…
É realmente incrível o poder que um minúsculo corpúsculo como o electrão detém! Capaz de controlar o universo civilizado e mesmo aqueles chamados países de terceiro mundo já dependem do uso da corrente eléctrica… este assunto é bastante controverso e complexo! E se não houvesse sequer electrões? Será que alguma coisa, algum ser, algum objecto existiria sequer? Estive a vasculhar uns ensaios que tinha em casa de Eduardo Pitta e lá, constava um excerto de um poema que nos faz reflectir vezes sem conta, a importância, a grandeza do electrão…e pensar que está presente em tudo o que existe neste mundo e nos outros!
O electrão
é ainda o barro
de que se fez
Adão
de que se faz
o pão
é o pião
com que brinca
Adão
é a constelação do Cão
é noite de S. João
Excerto de “Poemas Fáceis”, de Adília Lopes
Isto, só para percebermos a ordem sucessivamente hierárquica das coisas que compõem este universo!
Agora, passando para a parte da perda da capacidade de adaptação dos seres humanos, principalmente dos que habitam o tão chamado “mundo civilizado”, essa inadaptação a condições estéreis que se está a verificar de momento, verifica-se também na alimentação!
Ontem fui a uma super normal consulta de rotina dentária. A minha dentista passou-me uma prescrição para uma radiografia, para verificar como estava o desenvolvimento dos meus dentes do siso…sim, para marcar a data de extracção! Será tão difícil imaginar porque é que eles são agora extraídos?! É que nós, dito povo civilizado, não usamos os ditos dentes, embora eles sejam usados pelos ditos (mas erradamente!) “selvagens”, os aborígenes, habitantes de zonas inóspitas da Austrália (principalmente!), utilizam esses dentes para roer raízes, sementes e frutos!
Então, tiram-se os dentes aos civilizados pela simples razão de não precisarmos deles e…de nem sequer termos espaço para eles! Incrível, não é?!
Este é outro dos indícios da perda da capacidade de adaptação e da adaptação a um mundo que dizem melhor! E tal como o anti_cristo disse, daqui a algum tempo a própria evolução será já manipulada geneticamente…
Talvez daqui a uns anos…quem sabe…já não nos tenhamos que preocupar em extrair os dentes do siso…talvez nem sequer nasçamos com ele!!!
Boa noite Tiago! ;)
P.S - parabéns de novo pelo excelent post...nomeadamente pelo assunto...que tanto nos faz pensar!
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