sexta-feira, maio 18, 2007

8,4%

Ainda no início desta semana aparecia o Sr. Primeiro Ministro, e mais uns não-sei-quantos lambe botas, anunciavam, todos pimpões e sorridentes para as câmaras da televisão que a economia portuguesa estava a crescer e que o nosso PIB tinha aumentado. Portugal estava em franca recuperação económica! Graças, claro, ao esforço do nosso governo...
Pois, ontem, a notícia era outra: Taxa de desemprego de 8,4%, a maior dos últimos 10 anos! Mais de 470 mil pessoas na rua. Duro golpe na propaganda do governo. Com programas como o Netemprego, a empresa na hora, o mais recente "Novas Oportunidades", foi nos dada a ilusão que estava a ser criado emprego, que, de facto, havia novas oportunidades para os portugueses, mesmo os com menos qualificações.
Não podíamos estar mais enganados! E as estatísticas provam-no. Pois, se uma oportunidade de emprego é criada para um desempregado, são dadas 20 oportunidades de despedimento fácil aos patrões. Quando um jovem consegue o seu primeiro emprego, 20 são "dispensados" dos seus contratos a prazo. Quando é criada numa hora uma empresa com 6 empregados, fecha uma multinacional com 300!
O Portugal do crescimento económico e da prosperidade está onde sempre esteve, do lado dos Belmiros, dos Granadeiros e dos Amorins! Esses sim, analisam défices, PIB's, taxas de crescimento económico, taxas de juro, acções à centésima, mas multiplicam por milhões. De que serve o défice estar abaixo dos 3% (que ainda não está!) se para isso foi preciso cortar salários, despedir trabalhadores qualificados, cortar a torneira a tantas e tantas famílias?
O crescimento económico é isto!? Meia dúzia de papões que aniquilam toda a formiguinhha rastejante que trabalha de sol a sol para conseguir ter pão para os filhos ao fim do dia?
Mas grande parte da culpa, nem é de Sócrates, de Santana Lopes ou sequer, de Durão Barroso! A culpa é dos governos bem anteriores, que souberam criar condições atractivas para as multinacionais, mas depois não souberam continuar a dar-lhes esses atractivos. Agora, a nossa economia, os nossos empregados, que estavam dependentes do capital estrangeiro, vêem-se traídos pelas economias mais competitivas dos países de leste recém-entrados na União Europeia. Mas a culpa não é do Yuri, do Petrescu, do Dmitri. A culpa é nossa que não soubémos sair da condição de país carente, receptor, pedinte, pobre, periférico. Não soubémos, como o fez a Espanha, ou está a fazer a Grécia e a Irlanda, sair da nossa conchinha e enquanto não tivermos iniciativa, vontade de mudar, inteligência económica, nunca sairemos do fosso em que nos enterrámos.
Mas isto!? Bah! Discurso da tanga, pessimismo português! Que interessam estas análises ou teoriazecas socio-económicas para o pai que não tem comida para pôr na mesa? Para o jovem que andou durante anos a marrar para tirar um curso e agora anda a fazer recados para o pai? Para a mãe que tem 3 filhos para criar e pouco mais lhes pode dar que amor e carinho? Até posso ir mais longe... Que interessa se são 8,4% ou 5,0%!?
O que interessa é que há muita gente a viver mal, com grandes dificuldades económicas e ninguém lhes dá a oportunidade de ter uma vida melhor. Bem pelo contrário, o capitalismo cria um ciclo vicioso tal que estas pessoas contraem empréstimos para se conseguirem aguentar mais uns dias... umas semanas... uns meses... anos, e assim vão ficando mais pobres. Se moedas não tinham, sem bolsos ficaram. Até a própria alma têm de vender às vezes!
Podem-se criar mil programas "Novas Oportunidades", pode abrir mais um milhão de empresas, mas enquanto não for dada a oportunidade à justiça social, enquanto não houver igualdade de oportunidades, não poderemos viver num país justo... E que interessa ter um crescimento económico superior ao do Universo junto, que interessa ter o défice abaixo dos 2%, quando nem a justiça se respeita!?

10 comentários:

mac disse...

É 1 dura realidade, mas também não se pode esperar que o Estado seja paizinho de toda a gente. Muita gente continua à espera das ajudas do Estado, em vez de arregaçar as mangas e ir à luta.
E não te esqueças que ainda continua ser vantajoso estar em casa a receber do subsídio de desemprego, que ir trabalhar. Conheço algumas pessoas que estão a receber de subsídio 800€, e preferem continuar no desemprego e continuar a receber esse dinheiro do que ir trabalhar. É que a maior parte das vezes teriam de sujeitar-se a receber menos e a fazer 1 trabalho mais desagradável. E então compensa estar em casa.
É triste, mas é verdade...

sapiens disse...

concordo com a mac! ora se compensa estar em casa no quentinho, a receber o subsídio, a não por a pata fora da porta... para quê ir trabalhar??

e essas pessoas que recebem um chorudo "salário" ao fim do mês por não fazer nada de nada, ainda devem a renda da casa, a conta da mercearia, e isto e aquilo... e têm a lata de dizer: ah e tal e coiso, estou desempregado, o que recebo mas dá para o telhado...

mas se calhar a culpa não é só deles, que se limitam a ver o lado cómodo da coisa. "se tolo é quem o come, ainda mais o é quem lho dá!..."


mas também é verdade que há quem queira realmente deitar as mãos ao trabalho, encontrar algo que o/a realize. mas esses, encontram obstáculos intermináveis, quilómetros de burocracia. onde deviam de encontrar apoios, deparam-se com "deita abaixo".

assusta realmente que possa vir a passar pelo menos uns 10 anos na faculdade a comer dinheiro aos meus pais para depois ter que ficar em, casa, sem emprego, sem possibilidade de aplicar o que aprendi!
quer dizer, isso não vai acontecer comigo, porque mal tenha o canudo vou-me pirar para um lugar em que vou ser essencial (como a fruta xD)


não sei se se deve colocar a música sacra como um estilo, até porque há música sacra barroca, clássica, até mesmo renascentista... é mais uma variante dentro de cada época. vai depender dos diferentes conceitos de como é a música que se vão assimilando em cada período da história.
mas atenção, vai pesquisar, que eu não tenho a certeza absoluta. já tive história da música há uns 3/4 anos... eheheh!

ah, e votei no jazz! xD
obviously...
=P
*

Casemiro dos Plásticos disse...

é a treta de país que temos cá vez menos no bolso e esses merdas que estão no poder têm o cú cheio!
só querem tacho!

Anónimo disse...

que mente capta comunista
vermelhusca , sem ambição,
mexe te n digas so mal ,
da sujestões para resolver...
nao tens ....
CUMUNISTAXECO
francisco

Rafeiro Perfumado disse...

Bem, quase que te imaginei a salivar e a espumar ao escreveres este texto, pá! Isso é que é furia criativa. Infelizmente o que dizes não é criação, é realidade...

peace_love disse...

Pois, eu estou nesse mar de desempregados...bah!

Astray disse...

Pois, mas a verdade é que muito bom tuga gosta é de estar em casa a receber o belo do subsídio e ter as filhas a estudar à pala de uma bolsa choruda enquanto tem o seu "biscate" em part-time não declarado.
A verdade é esta e não há Sócrates, nem Pitágoras que nos permita calcular o "verdadeiro desemprego" neste país.
O defeito é do português que fecha os olhos e do governo que por qualquer razão não quer saber!

Anónimo disse...

Todas as ideias politicais têm a sua parte "utópica", não acho o capitalismo um mau sitema politica, da mesma forma que acho que o comunismo poderá resultar mais ou enos bem cnforme situação onde é imposto, tem é que haver uma vontade de mudar, o que apesar de parecer, não e4xiste em Portugal

Sapo Inquisitivo disse...

polémica à espera!!

cumps

Daniel C. disse...

loool

Posso ser o contraponto?

Estou desempregado à algum tempo e recebo do fundo de desemprego (bem mais do que 800€).
Estou em casa, e tenho imenso tempo livre, tanto que até posso comentar em blogs!
Procurei activamente emprego e neste país ou tenho formação a mais ou ganho 3€ à hora.
Como estão a ver este país não é esse mar de oportunidades para quem quer trabalhar, conheço muito boa gente que até trabalhava se pudesse. Aliás cheguei a propôr trabalhar por menos dinheiro do que aquele que estou a receber pelo fundo de desemprego e mesmo assim não me quiseram.

Outra coisa que não sei se sabem, mas só tem direito a subsidio de desemprego quem trabalhou com contrato de trabalho. Como 95% dos jovens trabalha a recibo verde, o que acontece é que quando estão desempregados nem sequer recebem nada.
Eu faço parte de uma minoria portanto.

A solução: vou trabalhar lá para fora. O país que me pagou os estudos vai ficar a arder quando os meus impostos não forem para Portugal.
Azar! Nem sequer vão contar com as minhas "remessas de emigrante" é o que dá isto ser uma pais de faz de conta.

E já agora sou de esquerda, e como tal, mandrião, eheh!