terça-feira, outubro 02, 2007

Uma sociedade despesista e anti-ecológica

Algo no seguimento do post anterior, em que referi que esta é sociedade capitalista, despesista e anti-ecológica, vou hoje apresentar alguns exemplos, que vão de encontro a isso, ou seja, casos, geralmente de muito simples resolução, em que, por preguiça ou razões económicas, não se reduz drasticamente a emissão de poluentes.
Por exemplo, já viram a quantidade de embalagens que os produtos tecnológicos trazem? Um MP3, um simples leitor de música MP3, de dimensões aproximadas 60x30x10 mm, vem numa embalagem de cartão que, à vontade, tem 150x100x35 mm, mas claro, encaixado numa caixa de plástico duro, com as mesmas dimensões. Se trouxer uns fones (se não trouxer, temos de os comprar à mesma), estes vêm dentro de uma embalagem de plástico de bolhas de ar, e se for preciso com mais uns plasticozinhos desnecessários a envolver. Como se não bastasse vem com um livro de instruções, que como sabemos, em 99% dos casos nunca é aberto, e, que, poderia ser facilmente disponibilizado em formato .pdf na internet.
Bem, mas isto, meus amigos, não é nada! Vejamos uma impressora. Ainda no Domingo estive a desembrulhar e a instalar a minha nova impressora. Vamos ver os artefactos que eu consegui extrair de lá. Então, temos uma embalagem de cartão, onde vem a impressora, dois pedações de esferovite para a acomodar, um plástico para a proteger, mais uns não sei quantos plásticos, borrachinhas e acetatos a proteger o scanner, o painel de controle e a saída do papel, mais um plástico para o cabo de alimentação, mais um livro de instruções (impresso em 8 línguas!), que não podia deixar de estar embrulhado em mais plástico! Trazia também dois cartuchos, dentro de uma caixa de cartão, embrulhados em plástico e com um livro de instruções maior que eles. Somem estes resíduos todos, mais os gases emitidos para produzir estes resíduos, mais as árvores que se deitaram para tanto papel e verão que uma simples impressora, ainda que multifunções, tem uma pegada ecológica* que nunca mais acaba!
Mas, e passo a citar o Diácono Remédios, havia necessidade? Porque é que as impressoras não vêm "só" na caixa de cartão? Para quê tanta tralha? O que é que a gente faz aos plásticos e à maioria das caixas? Lixo! Ou reciclagem, que ainda assim, não recicla nem de perto nem de longe 100% do produto. Sim, está bem. Para passar do produtor, para o distribuidor, para o revendedor, para o comerciante e para o consumidor intacto. Mas, e já agora, já viram a quantidade de CO2 produzida pelos transportes na distribuição dos produtos? Mas que grande pegada! Não haverá formas mais simples e menos poluentes de fazer chegar aos consumidores os produtos, saliente-se, intactos? Quer dizer, quero crer que as redes de distribuição trabalham da forma mais eficiente, mas não me espanta que um produto fabricado, por exemplo, na Azambuja, tenha que ir a Lisboa, para ser vendido em Santarém, senão mesmo na Azambuja!
Mas, quanto aos resíduos gastos para usar um produto tecnológico, acho que temos estar todos de acordo, que pelo menos os livros de instruções, pelo menos nas 8 línguas, se dispensavam. Numa era em que tudo é informatizado, e em que se fala tanto no aquecimento global, os livros de instruções (essas bíblias do conhecimento moderno) de material, ainda por cima tecnológico, só podem ser em .pdf!
Mas, enfim, tanta coisa que devia ser óbvia, lógica e evidente e que não o é! Acabo como o último post: Só espero que não abramos os olhos tarde demais...
Pegada ecológica -
exprime a área produtiva equivalente de terra e mar necessária para produzir os recursos utilizados e para assimilar os resíduos gerados

11 comentários:

AM disse...

Bom ponto de vista tiago, não só deste post mas também gostei do outro!

Infelizmente é daquelas situações muito complicadas que por vezes é preferivel esquecer..
Todas as pessoas deste mundo tinha de ter a tua prespectiva para deixar de haver uma sociedade despesista e anti-ecológica.

Um abraço

quintarantino disse...

Uma pessoa ás vezes até fica na dúvida que lá no meio venha o produto que quis comprar.
Boa.

Tiago R Cardoso disse...

Trata-se de puras questões económicas, é preciso lembrar que por detrás de todos esse sacos e protecções, existe uma quantidade enorme de empresas que os fabricam.
infelizmente a economia é mais forte que a ecologia.

Vera Isabel disse...

suponho que tem principalmente a ver com o acondicionamento do artigo, para que não sofra estragos no transporte...
...mas realmente não preciso de instruções em japonês e magyar!
XD

vinte e dois disse...

Uma vez escrevi um post sobre este tema e eu apresentava um exemplo também bastante flagrante: Um Mc Menu da Mc Donalds. No final da refeição, repara no lixo que te fica em cima da mesa... ;)

Mac Adame disse...

É verdade que se poupava muito ao ambiente, mas acabo de ter uma experiência que me faz pensar que é melhor ficar tudo como está. Comprei um telefone cujas instruções estão apenas em chinês. Ora, à conta disso, não sei nem metade das funções do telefone. Do mal o menos, consigo fazer e receber chamadas. Mas gostava de saber algo mais. Que saudades que tenho dos livros de instruções em 8 línguas diferentes...

Beko the Great disse...

mac adriano... Mas porque não um livro de instruções apenas com a língua onde o produto vai ser comercializado... Ou porque não, nas tais 8 línguas, apenas qualquer coisa escrita na embalagem do produto como: For more information visit: wwww.xyz.yx

vinte e dois: Aí está outro exemplo bem flagrante, mas que não me ocorreu porque não sou grande cliente da comida de plástico.

Obrigado pela visita a todos

mymind disse...

sim é vdd há mtas coisas desnecessarias, mas se fossem recicladas e reaproveitadas n haveria tanto problema, a kestão é k as pessoas n estao prai viradas =/

Casemiro dos Plásticos disse...

é só pra criar supresa não? lol
abraço e bom feriado

jorgeferrorosa disse...

Olha que sociedade, é a situação para a qual de uma forma ou de outra todos colaborámos. O que fazer? Mudança e reflectir acerca da situação e agir...
Abraço da Alma

Anónimo disse...

E já pensaram que produzir um único tipo de manual, para todas as linguas acaba por ser mais barato e ecológico do que um tipo para cada lingua? Se fossem a produzir 8 tipos de manuais, uns países iam ficar com televisões a menos, e outros com televisões em excesso nas lojas, tudo porque os respectivos manuais as impedem de serem relocados para o país do lado onde são precisas... Assim faz-se tudo de uma vez e distribuí-se facilmente por toda a europa/mundo. Quanto ás .pdf, achas mesmo que há assim tanta gente com acesso à internet? Achas que a Tia Maria de Alguidares de Baixo consegue chegar à tal .pdf para a sua máquina de lavar loiça nova? Eu não acho. Para a economia andar para a frente (logo, tornar-se mais ecologica) é preciso que o POVO tambem ande para a frente.