quinta-feira, junho 11, 2009

Europeias 2009

Foi uma noite animada, lá isso foi, e de surpresas, mais uma noite eleitoral, desta feita, a contar para o Parlamento Europeu, aquela que se viveu no Domingo transacto.
Foi pois também uma noite de vitórias. Ganhou o PSD, ganhou também o socialismo, perdeu, portanto, o PS. Mais interessante, e também mais original, que comentar as eleições, que isso todos fazem, talvez seja, comentar os comentários às eleições. Ora, se com todas as sondagens a dar vitória ao PS se criticava a campanha apática de Paulo Rangel, muito solitário, quase como se tratasse de um "one-man-party", com os resultados expressos na urna, a análise tinha de ser radicalmente diferente. Afinal, o PSD já tinha feito uma campanha muito boa, "apesar das adversidades", e era então o PS que tinha feito muito má campanha e que, "tinha escolhido muito mal o candidato". Eu pessoalmente discordo. Até foi um candidato muito bem escolhido. Ir-se-ia escolher quem? Outros candidatos a eurodeputados? Correia de Campos(o tal que destruiu o sistema de saúde de Portugal e se pira agora para Estrasburgo onde decerto será melhor assistido em caso de ataque cardíaco)? Capoulas Santos? Ou a múmia eterna do PS: Mário Soares? Uma pessoa decente do PS? Não me ocorre nenhuma assim de repente...
Portanto, Vital Moreira, foi o que se arranjou, e só foi mau candidato porque perdeu! E depois da derrota veio assumir pois claro, toda a culpa! Porque o descontentamento das pessoas com o governo nada teve a ver com os nem 26% de votos no PS. Assim, Sócrates, Chico ou devo dizer Zé-esperto lava daqui as suas mãos e vai na onda "foi uma má escolha". Talvez os portugueses que votaram nele também pensem o mesmo... Foi uma má escolha.
Mas isto são tudo análises de quem bota escrevedura num blog pessoal. Agora, o que conta são os factos. E o facto é que ofereceram 22 viagens de 5 anos a Estrasburgo e eu não ganhei nenhuma...

sexta-feira, outubro 10, 2008

O Princípio do Fim

Esta sexta-feira acordou com a descida acentuada das bolsas, com notícias de mais injecção de capital e com mais bancos e seguradoras a declararem falência. A crise veio e foi para ficar. Entretanto, os nossos líderes falam-nos em termos paciência, para nos aguentarmos para os tempos difíceis que vêm aí, tentam remediar a situação estabelecendo taxas de juro pré-definidas, vão fazendo dinheiro para tentar aguentar o barco, mas o que é facto é que quanto mais rolhas se põem, mais a pressão aumenta e quando o barco afundar, podem ficar descansados que a morte vai ser rápida e eficaz.

Esse grande polvo que é o capitalismo parece padecer de uma doença grave. O pessoal bem injecta dinheiro para se aguentar, mas o que é facto é que já é muito fraca a reacção do bicho. Quando perceberão os nossos líderes que o mercado já não é o que era? Quando perceberão eles que o sistema capitalismo está obsoleto, corroído e defunto de podridão? Se calhar já perceberam, mas talvez seja tarde demais. Para mim a crise já atingiu o seu ponto crítico, a partir daqui é sempre a piorar!

E é aqui que, revendo nos livros de história, começamos a encontrar algumas semelhanças com aquele Big Crash de 1929. A especulação que tinha subido descontroladamente e depois a queda, rápida, abrupta, para o abismo. Nessa altura o desemprego atingiu valores impensáveis, a pobreza e a miséria espalharam-se em todo o mundo ocidental, as mentalidades mudaram, o racismo, a xenofobia, o nacionalismo exacerbaram-se, Hitler subiu ao poder, como expoente máximo de muitas mais ditaduras fascistas. Apenas 10 anos depois começava a pior guerra de sempre!

A questão é... Irá a história repetir-se? Ou será que desta vez conseguimos salvar o mundo antes da reacção em cadeia começar? Bom, aqui ficam as minhas previsões. Obama vai ser eleito presidente, mas não vai resistir à crise, portanto um presidente com outro carácter, talvez um Bush não burro, ou digamos um Hitler sem bigode, vai ascender ao poder da Casa Branca... Vai-se arranjar um bode expiatório, porque não... hmm... os muçulmanos? Vai-se meter o pessoal todo à batatada, cada um tentando ganhar o seu quinhão e quem vai arder mesmo vai ser o povo. Agora a questão é... Se com as armas de 1939 se fez o que se fez, o que se fará com as armas de 2009? Que esqueçam as pessoas aquela ideia que a guerra é para os soldados andarem a disparar de um lado para o outro... Nããã! Isso está mais que ultrapassado, agora é mais uma de mandar bombas atómicas de um lado para outro e a contabilidade é feita em dezenas de milhões... "Oh! There will be blood!" E bomba cai ali, e cai acolá e dá-se por ela e já se destruiu o mundo... Digamos que o Apocalipse está aí... Mas não há de ser nada! Tal como a crise... Há de passar!

quarta-feira, outubro 01, 2008

A Mulher e a Máquina

Nada como ao fim do dia ir ao Supermercado. Trazer as frutas, os legumes, a comida para o jantar... Ah, que sossego! Ou não...

Tudo isto sucedeu enquanto eu estava na fila da caixa. Uma mulher, dos seus cinquenta para cima estava a tentar pagar as suas compras com o cartão de crédito, só que a máquina não lia. Ela virava-se para a mulher que estava na caixa e dizia:
Ah! Já no outro dia uma amiga minha disse que cá tinha vindo e o cartão não funcionava. O problema só pode ser da máquina".
A mulher da caixa respondia:
"Mas olhe que as máquinas são novas. É raríssimo isso acontecer, deve ser problema do cartão"
"Do cartão não é de certeza! As máquinas é que não funcionam porque são novas! Alguém tem que ver isso"
Entretanto, chega o gerente:
"O problema é do seu cartão. Às vezes há pequeníssimas coisas que impedem a leitura correcta do cartão"
Ao que a mulher começa a insultá-lo:
"Você não percebe nada disto. As suas máquinas é que não funcionam"
"Mas já experimentou outro cartão?"
"Ia agora tentar com outro, mas eu queria pagar com este"
"Todos os cartões dão menos o da senhora, é problema do cartão"
"Você cale-se que não sabe do que fala. Tomara você ter o plafond do meu cartão" (Começo a rir-me para dentro... Espera, rebobina, deixa ver se percebi bem: Ah, então se eu tiver mais dinheiro no meu cartão ele funciona melhor... Hmm, nem sei como é que o meu funciona!)
"Ouça, tenha calma, eu sei bem do que falo. Eu sou gerente desta loja e todos os cartões funcionam. Só o seu é que dá problemas. O problema é do seu cartão."
"Você é, mas é, burro" (Ui! Eu sei que o cliente tem sempre razão mas daí a chamar o gerente burro vai um grande passo. Se fosse eu o gerente acho que já tinha perdido a paciência)
"Tenha calma, que está a ser mal-educada"
Lançaram-se mais uns olhares entre o gerente e a cliente, e por fim, depois de ter pago com outro cartão, a senhora foi-se embora, tendo gasto a exorbitante quantia de 4,99€...

Enfim, ele há com cada uma!

segunda-feira, setembro 29, 2008

Crise

É oficial, o mundo está em crise. Ainda há sensivelmente um ano, ouvíamos o nosso ilustríssimo ministro da Economia a dizer que "a crise acabou" e, por estes tempos, ouvimos, tão só, todos os mais importantes líderes mundiais, atarantados com uma crise, da qual se diz que pior só em 1929, e ainda não se viu nada...

É um facto, que nunca o Homem teve tantas facilidades. Facilidades de comunicação, de partilha de informação, de transporte, um vasto leque de oportunidades de fazer bons negócios, enriquecer, mas acima de tudo, nunca tivémos tão boa qualidade de vida. Há 100 anos nunca imaginaríamos os aquecimentos centrais, o gás canalizado, a água saneada. Há 50, o presidente da IBM afirmava que no mundo havia mercado para 6 computadores, se tanto, há 20, ninguém tinha um telemóvel... Hoje temos tudo!

Mas, o preço é elevado. Apesar das tantas oportunidades de compra, tantas novas "necessidades" que se criaram, os salários e as oportunidades de emprego, não acompanharam esse crescimento. Quem fala em salários fala em tantos outros factores económicos. O que é facto, é que a economia foi-se adaptando, foi-se adaptando, tenta, mas não consegue acompanhar o boom tecnológico a que assistimos. Cumulativamente, gasta-se cada vez mais energia e as reservas de petróleo estão a diminuir a um ritmo impensável. Tudo isto faz com que gastemos cada vez mais, e tenhamos cada vez menos.

Para manter o nível de vida actual, muitas, e cada vez mais pessoas têm de recorrer aos créditos. Antes pediam-se empréstimos para comprar a casa e o carro. Hoje, muitas pessoas, pagam tudo às prestações: a casa, o carro, a televisão, o computador, os móveis, a roupa, o material escolar, etc. O número de pessoas a recorrer ao crédito e a viver acima das possibilidades bate recordes sucessivos! E, pensavam os bancos que isto era bom... Foi bom, até à altura em que as pessoas pediam emprestado e podiam pagar. Mas tudo tem um limite, e a corda foi esticando foi esticando, e está a começar a ceder, até que vai acabar por rebentar violentamente. Mas não é só o crédito de cada pessoa, de cada família, que estica. É também a dívida das empresas às outras empresas, a dívida dos países aos outros países, e, por último, a dívida que a humanidade tem para com a Terra, isto é, demos tão pouco de bom ao nosso planeta, e o que tirámos é já imensurável.

Agora, procuram-se soluções, a meu ver tarde de mais. Há mais de 20 anos que se fala nas alterações climáticas, na escassez de petróleo, no aumento galopante do endividamento a nível geral, e, quem estava bem, tudo fez para manter esse nível, e, deitou abaixo quem já não estava muito bem. Quem estava na mó de cima, tentou agarrar-se ao poleiro com unhas e dentes, mas, depois de um último fôlego, vai cair abruptamente. As políticas económicas monopolistas, egoístas, acumuladoras brutas de capital estão a fracassar e acabarão por ruir.

Está na altura de as pessoas deixarem de olhar para o umbigo, de as empresas pararem de olhar para o umbigo, de os países pararem de olhar para o umbigo, de a humanidade parar de olhar para o umbigo. Lanço este alerta, para que se salve o planeta, que se pense uma nova economia, uma economia equilibrada, uma economia "económica", uma economia pensada à escala global e preocupada com o ser individual e com a saúde do nosso planeta.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Recomeço.

Está a acabar Agosto, a começar Setembro. As férias já lá vão e é nesta altura que se dá o regresso, aquela palavrinha francesa que muito se costuma usar por estas alturas, a Reentrée. No entanto, como sou do contra, fico-me pelo português, recomeço.

Antes de mais fazer notar o recomeço deste blog, que se manteve inactivo durante uns bons meses, ressuscitou por uns dias e voltou a ficar inactivo, espero que desta vez seja mesmo de vez para voltar! E recomeço falando precisamente do recomeço dos outros...

Começando, como já é habitual, com o plano político, podemos dizer que a reentrée mais polémica é a do PSD, com Manuela Ferreira Leite a virar costas ao populismo do Pontal ou do Chão da Lagoa com uma coragem, uma seriedade e frieza que já lhe são características. Pois se traz um ar de seriedade ao partido, algo que já não se via há muitos anos pelas bandas laranjas, o casamento para procriar não caiu lá muito bem na sociedade moderna portuguesa.

Entretanto, o PP parece mediaticamente extinto, o Bloco e o PCP são cada vez mais partidos de uma só cara e no PS parece que foi tudo de férias, menos Vitalino Canas que todos os dias opina alguma coisa, e todos os dias opina algo mal.

Mas a reentrée mais aborrecida de todas é sem dúvida o recomeço da época de futebol. Pois se durante a época temos um jogo, dois no máximo por semana na televisão pública, na pré-época é um quase todos os dias e às vezes dois no mesmo dia! Mas pior que a transmissão dos jogos que não interessam a ninguém é o preenchimento dos serviços informativos com as especulações das transferências... Ele é o Ronaldo que vai ou fica, ele é o Quaresma que fica e não joga porque tá para ir, ele é a surpresa da nova época no Benfica, ele é a imigração da argentina para o Porto, ele é a chuva torrencial de espanhóis a relançar a carreira na Luz, e vai-se a ver e começam a época propriamente dita com um empate frente a uma equipa recém-promovida da segunda liga...

E depois há o recomeço daquelas pessoas que não aparecem na televisão, por serem simplesmente pessoas normais, pessoas que ganham a vida honestamente e a vão vivendo, tranquilamente...

quinta-feira, maio 08, 2008

Ele há fatos e factos...

Há uns dias recebi no meu Gmail, um e-mail do Rafeiro Perfumado, que, gentilmente convidava todos os bloggers endereçados a fazer um post à meia-noite e um de quarta feira em forma de protesto contra o novo acordo ortográfico, e colocar na barra lateral umas coisas engraçadas... Infelizmente (ou não) tal não foi possível, por questões pessoais, mas, o repto ficou, e, cá estou eu para falar sobre essa temática que está tão na berra, e, sobre a qual, já muito se disse, mas há sempre algo mais a dizer.

Se há algo que vai mudar drasticamente, segundo o novo acordo, são os "cc" e os "pp" que vão cair. Ora, se nalguns casos faz todo o sentido que o "c" ou o "p" caiam, porque são mudos, casos de "cacto", "óptimo", "acção", "baptismo", etc. Outras há que não é bem assim...

Vou então catar a atenção do leitor para alguns exemplos mais ridículos...E sim, já enunciei um deles! Imaginem, que a partir de agora, a condição dum bom orador, já não passa por captar a atenção dos ouvintes, mas por catar...bom... E se os ouvintes tiverem lavado o cabelo?

Bom, mas há uma coisa positiva, mesmo muito positiva com o novo acordo... Vai deixar de haver raptos! Mas, por outro lado, vai passar a haver mais ratos, o que não é necessariamente melhor. Se fossem ao menos ra... vá, deixemos a ordinarice de parte!

O que é engraçado de ver, é que nunca mais vamos discutir factos. A partir de agora discutem-se fatos! Já estou a imaginar o primeiro-ministro gritar da tribuna: Massimo Dutti! E um daqueles deputados gordos e velhos a aplaudir, grunhindo lá atrás, "Muito bem", seguido de uma resposta do PSD, do tipo "Tu querias era este Georgio Armani!" Bom, escusado será dizer, que, estas mudanças, vão levar rapidamente ao suicídio de Francisco Louçã, que, se antes até trazia alguns factos bem incómodos, o único fato que tem em casa deve ser o fato-macaco! Não, senhor Alberto J. Jardim! Não é fato de macaco, esse continua o senhor com a exclusividade...
E se antes, andar bem parecido era importante para se ser um bom argumentador, agora é indispensável. Pois, se antes, "de facto, o senhor tem razão", agora, "de fato, o senhor tem razão", isto é, só temos razão se ostentarmos a gravatinha, as calcinhas bem passadinhas a ferro e o bom do jaquetão! Mais uma razão para o suicídio do sr. Louçã...
E já agora, questiono-me... Qual é a diferença entre um casamento e uma união de fato?

Outra coisa muito gira, é que deixa de haver pactos e passa a haver patos. Estou já a imaginar os bons dos comunas em excursão à Polónia e pedirem todos um "pato de Varsóvia". O mais provável é que saiam de lá de barriga vazia, porque agora os patos são outros, ora, por exemplo o pato de estabilidade e crescimento.
E agora imagine-se, que há uns tempos se assinou o pato para a justiça! Tenho a impressão que à educação calhou uma vaca...

É assim a nova ortografia! Subam-se os fatos, e esqueçam-se os factos!Façam-se patos, que o que não falta é quem coma!

sexta-feira, maio 02, 2008

Os Sindicatos

Passou mais um dia do trabalhador e, eu, como nem tenho mania nenhuma de ser do contra, decidi fazer um texto algo constrangedor e polémico numa altura inoportuna e desadequada. Isto é, numa altura em que se devia enaltecer as conquistas dos direitos dos trabalhadores, venho, por este meio, criticar os sindicatos...

Os sindicatos são praticamente parasitas sociais! Falam, falam, falam, mas não os vejo a fazer nada! E é verdade! A existência dos sindicatos, é por natureza, condenada à arte de bem reclamar... E, é por vezes, tão ou mais condenada, que, se não há nada para protelar, inventa-se! Congelamento de ordenados! 'Tá Mal. Aumento de salários de 2%: 'Tá mal, devia ser 4! Aumento de salários de 100%, 'Tá Mal. Devia ser 200! Depois chegam as greves (a uma sexta, que dá mais jeito) e lá vem o governo com os seus 0,05% e os sindicatos com os seus 99,95%.
Há outra coisa que está muito mal nos sindicatos, pelo menos a meu ver, que é o financiamento. Para além de os trabalhadores, terem um "x" de descontos para o sindicato, o governo também contribui com uma percentagem, em muitos casos, bastante boa, para as massas reivindicativas. Se por um lado, pode parecer bom, que o estado apoie a capacidade, e o direito dos trabalhadores a manifestarem-se, a revoltarem-se, a bater o pé, por outro prisma, é possível constatar alguma prisão de movimentos aos sindicatos, isto é, o governo diz, "vá, a gente dá-vos o carcanhol para se manifestarem, mas se reclamarem de mais nós cortamo-vos com o subsídio!". E aí, pronto, reclama-se, mas é só até não dar mau aspecto, assim, uma coisa mais de fachada...
Outro grave problema dos sindicatos é que, quando se entra nos sindicatos, deixa-se de ter contacto directo com o sector que se representa, isto é, sou trabalhador da profissão x,y ou z, mas, ou por ter uma boa retórica e/ou por ter bons contactos, tornei-me dirigente do sector x,y ou z, por conseguinte, quando é preciso reivindicar direitos para o sector x,y ou z, lá estou eu de bandeira e megafone em punho, e subo ao palanque para mandar uns "bitaites". No entanto, como há quase 20 anos que já não faço outra coisa senão ser sindicalista, pouco ou nada sei (na primeira pessoa) sobre os problemas concretos da profissão x,y ou z. Conclusão, prego um sermão muito bonito, mas que só os peixes ouvem... Bom, mas ao menos ainda tenho quem me vá sustentando...
Ainda para mais, os sindicatos em Portugal, como quase tudo, são partidarizados, ou seja, quando o PSD, está no poder, há dois poderes sindicais, quando o PS, está no poder, só existe CGTP. Se algum dia houver uma coligação PCP-PS, deixa de haver sindicatos...

Ora, com tão bons apoios, um financiamento tão próspero, pouco ou nenhum trabalho de vergar a mola, começamo-nos a aperceber que ter um sindicato é mais um tacho! Daí, é fácil ver uma sucessão lógica de acontecimentos. Ser do sindicato é um tacho, é fixe ter um tacho, vamos todos ter um tacho, vamos todos ter um sindicato! Resultado: Existem sindicatos a mais, gente a mais a pastar (para não ser mais incorrecto) à custa do trabalhador que verga a mola, produtividade a menos, lábia a mais... Por exemplo, existem 14 sindicatos só para os professores! Sim, a ministra faz muita porcaria (para não ser mais incorrecto, mais uma vez), mas "haberia nechechidade?"

E faço a pergunta no geral. Haveria necessidade para tanto sindicato, tanta hipocrisia, tanta "falsa luta social"? Seria talvez uma boa altura de os trabalhadores, de certos sectores começarem a analisar melhor, quem querem que os defenda, ou caso contrário, qualquer dia temos o sindicatos vendidos (mais uns) ao poder económico...

sábado, abril 26, 2008

O meu 25 de Abril

Retomo a actividade neste blog, para falar do meu 25 de Abril, não o de 1974 (este muito antes sequer dos meus pais se conhecerem), mas o de ontem, 34 anos depois da dita revolução dos cravas...Cravos, quero eu dizer! (por vezes a boca foge-me para a verdade).

Levantei-me por volta das 10h30, com a fanfarra dos bombeiros a tocar lá fora na rua, dando os "vivas" à revolução de Abril e, liguei a televisão na RTP, para ouvir e ver a sessão solene na Assembleia da República... Ouvir o que a nossa digníssima e excelentíssima classe política tinha a dizer acerca de um marco tão importante para a nossa história.

Já apanhei a meio, o discurso do deputado do PP, o mais jovem por sinal, esse mesmo partido que chegada esta altura, ainda não decidiu se há de festejar a democracia, a liberdade, ou se há de chorar a perda dos sacros valores salazaristas, a perda de posses da igreja e a perda de importância dos militares. Depois veio o deputado do PSD, o mais jovem também, falar de "iniquidades" blá blá..."desresponsabilização" blá blá... défice blá blá... "ambiguidades" blá blá..."valores da democracia" blá blá... "liberdades individuais" blá blá... e um demais número de palavras vazias, inócuas e sem qualquer sentido para o mais comum dos portugueses. Um discurso com algumas postas de pescada assim para o ar, a ver se a corrente de ar da assembleia as leva para o sítio certo, mas pouco mais do que as ténues críticas algo rebuscadas e descontextualizadas de um partido que continua à procura da melhor maneira de fazer oposição às suas próprias ideias...

A seguir subiu ao palanque o senhor deputado do PS com o mesmo discurso inócuo, vazio, lembrando um 25 de Abril que parece ter sido já há mil anos atrás, com um significado meramente histórico, mas muito pouco prático, mas houve algo que se salientou do discurso deste: "Esta é uma democracia em que até a existência de partidos anti-democráticos é permitida". Bom, valha-nos ao menos a sinceridade e honestidade de um político, algo que hoje em dia é muito raro, então assumir os nossos próprios defeitos é, de facto, um gesto notável!

Depois começou a falar o excelentíssimo presidente da Assembleia da República, e, o seu discurso, foi, utilizando palavras politicamente soantes, deveras aborrecido e entediante, traduzindo, foi uma seca tal que desliguei a TV e já nem vi os discursos do Presidente da República (olha outro!) dos Verdes, do Bloco e do PCP, partidos claramente mais afectos à revolução de Abril, e, segundo vi no resumo à noite no Telejornal, bem mais críticos... Só para variar!

Comum aos dois partidos maioritários, a saudação por se ter assinado dois dias antes um tal Tratado de Lisboa, que pelas palavras dos mesmos vai reforçar a posição de Portugal na Europa e no Mundo, mas que, na minha opinião, só vai aumentar ainda mais a mobilidade de políticos portugueses de tachos no nosso país para tachos na Europa, e dando uns pulinhos na ONU, na NATO, e outras que tais... Mais gravoso que isso, é o facto de o Tratado ser algo obscuro para a maioria dos portugueses, e, de não se ter feito sequer um referendo sobre algo tão importante e, citando, o nosso querido Primeiro-ministro "um marco histórico na via do país e da Europa"... Se é assim tão histórico, comemoramos a nossa liberdade, porque não se pergunta ao povo (o tal que mais ordena) se queremos MESMO esse tratado...

Outra questão, talvez a que os meios de comunicação social deram mais destaque, foi o desinteresse dos jovens pela cidadania e pela política... O governo e o PR foram dos mais críticos nesta matéria... Se por um lado, dizem que há que cativar os jovens a terem uma vida activa, social e politicamente, por outro lado, dá jeito que a juventude esteja um pouco à parte destas questões, não vá agora surgir uma geração de jovens revolucionários que possa dar cabo deste sistema.

Bom, mas se há muita negligência por parte dos partidos, há também muita ignorância em relação à nossa história (bom, é mais que sabido que as aulas de história não são conhecidas por serem as mais cativantes), por parte dos nossos jovens, uma geração que se diz "rebelde", mas que, se mostra muito vazia de ideias e ideais, uma geração que a meu ver, nunca houve outra com tanto, mas também nunca houve outra com tão pouco, ou seja, num país em que os pais dão tudo de mão beijada aos filhos, em que, felizmente vai havendo posses para sustentar os estudos, as saídas à noite, os excessos da vida, num país em que é quase preciso um requerimento para chumbar um aluno, e em que se proíbe um jovem são, com corpo, sem grandes possibilidades quer mentais, quer económicas de prosseguir os estudos, de trabalhar, a minha geração, nunca teve muito por que lutar, nunca teve muito que trabalhar para alcançar uma conquista...

Só que, a nível internacional, infelizmente os tempos são de mudança, e, o país, e muito mais esta juventude, não estão preparados para enfrentar a mudança drástica político-económica que o mundo se prepara para atravessar. Há que repensar se queremos que esta seja a revolução dos cravas, ou se de facto, está na altura de agir, de nos libertarmos, de vez!Libertar-mo-nos de todos os tabus! Libertar-mo-nos do fantasma do Botas de Santa Comba! Libertar-mo-nos das malhas de um sistema político cada vez mais podre, e empedernido pela corrupção, o tráfico de influências e a hipocrisia! E porque não, libertar-mo-nos um pouco desse polvo que é a Europa, antes que seja tarde de mais e caiamos no abismo, arrastados por essa corrente de um capitalismo cada vez mais espremido e com mais buracos à vista!

O meu 25 de Abril acabou no teatro com uma Revista do Teatro Sá da Bandeira... Ridendo castigat mores, está na altura de encararmos a sátira e as gargalhadas de uma forma um pouco mais séria, e olhar com preocupação para o estado de coisas do nosso país. Afinal, para 41% da nossa população, Salazar foi o maior dos portugueses...

terça-feira, janeiro 01, 2008

Portugal está Podre!

Portugal está podre e a democracia é uma ilusão! Desengane-se quem pensa o contrário! Pouco me interessa se estamos a crescer 1,2% ao ano ou 10%, estou-me pouco cagando se o défice é 6 ou 2%. Mas olho para a nossa classe política, para as pessoas que, supostamente nos representam, olho para as nossas instituições legais, para o nosso Estado, e só consigo sentir ódio, escárnio, repulsa, uma raiva imensa!
Como é que alguém tem a lata de assumir um título sem o direito para tal? Como é que alguém compra, deliberadamente, um curso superior e depois tem a lata de se candidatar a primeiro-ministro como ENGENHEIRO Sócrates? É um facto, aquele homem não tirou o curso... Pelo menos a avaliar pelo "Inglês técnico" dele. Só de alguém sem vergonha na cara mesmo! Que se candidatasse só como José, sem a porcaria do Engº atrás! Contra Santana Lopes e com as costas aquecidas como as dele, até um pescador (profissão infinitas vezes mais digna que pseudo-engenheiro falseado) analfabeto ganhava as eleições! Para quê? Como é possível, depois de umas boas gargalhadas e umas bocas indirectas, ele escapar ileso? Como é possível uma falta de honestidade, de humildade, de consciência tão bárbara?
Depois olho para a recente polémica no BCP, e vejo o PSD a acusar o PS de ter vários membros na, até-então única, lista para a direcção... O que acontece no dia a seguir? Miguel Cadilhe a liderar a outra lista! Miguel Cadilhe, PSD? Nada a ver! Que ideia! É só hipocrisia... Mas é que é assim em tudo quanto é poleirozito que dê uns trocos! É só tachos "Eles comem tudo e não deixam nada"... E o pior é que o povo pouco ou nada come... E CALA!
Ao menos um vestígio, um gesto singular que seja de indignação, de revolta, alguém que denuncie, que tente fazer algo mais para parar com isto! É por nós não nos organizarmos, não fazermos nada, que eles fazem o que querem!
E o pior, é que os nossos supostos representantes não querem fazer aquilo que nós queremos, mas apenas aquilo que alguns, mais poderosos, mais influentes, com muito mais dinheiro pedem que eles façam! Houve a proposta para haver uma taxa sobre os sacos plásticos, com vista a reduzir o impacte ambiental. O Sr. Belmiro de Azevedo reclamou, já não se faz é nada! Expliquem-me o porquê de se privatizar a GALP, a EDP e a BRISA. Não estavam a gerar receita para o estado? Se não davam lucro, como havia privados interessados em comprar? Cheira-me a hipocrisia, MAIS UMA VEZ!
E mais! Não deveria ser o Estado o primeiro a defender o interesse público? Pois a mim, parece-me que é cada vez mais o último! Fecham-se urgências, hospitais, maternidades, escolas e não se criam condições de mobilidade para os cidadãos! Em contrapartida dá-se carta branca aos hospitais privados para avançarem... E quem não tem dinheiro para uma consulta numa clínica privada? Não tem direito à saúde! Falha um direito consagrado na Constituição! O povo manifesta-se, mas parece não ser suficiente. Custa a entrar, mas vai!
Estamos a vender o nosso país! Ao sector privado, também, mas pior! Estamos a vender-nos à Europa! Que sonho tão bonito... Ah! Os países todos de mãos dadas numa paz, desenvolvimento e união harmoniosos... Tão bom! É UMA ILUSÃO! O tratado da Europa, aquele mesmo que tanto nós nos gabámos de ter sido assinado na nossa presidência, é a autorização para o nosso extermínio! Venham ingleses, saquem o nosso Porto, venham espanhóis, levem a nossa electricidade, de que estão à espera, franceses? Tanto leitinho açoreano, é todo vosso! E venham, alemães, montem aqui fábricas que os nossos trabalhadores são baratos e gerem riqueza para o país! (o vosso...). Pilhem, saquem, levem tudo quanto houver! Mas só o que de bom cá há! Porque o que é mau gostamos nós de ter!Pior que invasões bárbaras! Porque NÓS autorizamos!
Portugal está podre e a Democracia é uma Ilusão! Chavez não é democrata, mas faz um referendo a perguntar se pode ter um mandato vitalício! Democracia a sério é a portuguesa! Faz-se um tratado a determinar o nosso suicídio, enquanto nação, e não se consulta o povo... Ah! O povo é quem mais ordena... Tchii... Ao tempo que isso já lá vai! Democracia é em Portugal! Pressões sobre jornalistas? É democracia! Processos disciplinares a professores ou a administradoras que expressem a sua opinião fundamentada e livre desfavorável ao governo? É democracia!
E é democracia porque nós deixamos fazer! Porque é muito mais interessante saber quem ganhou a porcaria do casamento de sonho ou quem é a família mais Superstar do país! Porque é mais escandaloso o Scolari dar um soco num sérvio, do que a vacina contra o cancro do colo do útero não ser comparticipada! Porque é melhor ganharmos o Euro 2008 do que termos um país mais justo e mais desenvolvido! Eu luto por esse país! Tento através dos meus textos humildes e lidos apenas por algumas dezenas de portugueses incentivar a um espírito mais crítico, mais atento...

Mas o povo é cego, Portugal está podre e a democracia é uma ilusão!