quarta-feira, janeiro 31, 2007

Esmeralda...

Uma filha nascida de uma relação fortuita entre um homem simples e uma prostituta brasileira, que entretanto decidiu refazer a vida, vive com os pais adoptivos na Sertã... A verdade é que estes nunca tinham legalizado a situação e o pai biológico veio reclamar a custódia da menina a tribunal. Entretanto a super-protectora mãe adoptiva fugiu com a menina para parte incerta.
Bem parece um argumento de uma nova novela da TVI (ou talvez esteja bem escrita demais para isso...), mas a verdade é que se trata da mais nova novela da vida real... Melhor que um qualquer Big Brother, nem direitos se têm de pagar à Indemol e passa em todos os canais!
A verdade é que esta novela, como aliás todas as outras, já chateia! Os três canais andam-nos a dar palha há mais de duas semanas, quando a notícia já está mais que dada! Porquê? Será este caso assim algo tão extraordinário!?
Não me parece. A primeira razão é que não tem havido de facto muitos motivos para notícias, ora a sede de notícias combinada com a típica intromissão na vida alheia, dos portugueses dá nisto. Horas e horas de notícias e análises por especialistas... Enfim "O caso que dividiu e comoveu Portugal" já me está a chatear... e muito!

sábado, janeiro 27, 2007

Sim ou não!? Eis a questão...

A questão não é nova e há muito que tem feito parte do dossier político em Portugal. O aborto já havia sido referendado em 1998, tendo-se verificado uma vitória do Não, numas eleições marcadas por uma abstenção muito elevada. Nove anos depois a questão é colocada novamente aos portugueses: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?".

A primeira pergunta que eu faço, e ainda antes de entrar no tema em si, é: se o PS é a favor e tem maioria no parlamento, para quê recorrer ao referendo quando podia muito bem aprovar a lei na assembleia da república? Será por o governo achar que o povo é digno de decidir uma questão tão importante? Não. Ao que todas as sondagens apontam, o SIM vai ganhar. Ora sendo o PS partidário do SIM, uma vitória do SIM seria muito bem explorada pelo mecanismo de propaganda de Sócrates para a transformar numa vitória do PS.

Mas avançando directamente ao tema em si eu diria, e como disseram os Gato Fedorento com muita razão: "Epá, talvez, vamos lá ver, a questão não é assim tão simples". Se perguntarmos: Concorda com o aborto? Eu respondo NÃO, porque estamos a concordar com o assassinato de embriões e fetos humanos, cujo único erro foi não terem sido desejados. Outro forte argumento do NÃO é que já estão previstas na lei as situações de violação, ou malformação do feto.

O problema é que apesar de ser ilegal, o aborto existe! E existem duas vertentes: Ou se é de uma família rica e se vai fazer um aborto a uma clínica espanhola com todas as condições, ou se é de uma família pobre e se vai a uma dessas clínicas clandestinas ou às tradicionais parteiras. Nomeadamente, estas últimas situações colocam em grave risco as mulheres e são fonte de rendimentos exorbitantes para quem faz os abortos (a maior parte destas pessoas vive unicamente à custa disso), ainda mais exorbitantes porque são clandestinas. Para além disso acho injusto que as mulheres que abortam paguem por isso na barra dos tribunais, e eu sei que só aconteceu uma ou duas vezes, mas a verdade é que é o que vem na lei.

Por isso voto SIM! Porque mesmo sendo ilegal, o aborto existe e porque sendo legal, as mulheres não sofreriam tanto como sofrem... Já basta o sofrimento de se sentirem obrigadas a abortar, seja por falta de condições ou por rejeição social! Querem maior pena que essa?

Mesmo assim ficam-me algumas, para não dizer muitas dúvidas em relação a este assunto. O aborto vai ser comparticipado inteiramente pelo estado? Se for, não concordo, porque o país está em défice de crescimento e é incoerente comparticiparmos o aborto e não comparticiparmos a vacina contra o cancro no colo do útero. Por outro lado, quantos abortos uma pessoa vai poder realizar? Quantos quiser? Está mal e penso que antes de tudo há que continuar a investir na educação sexual e no esclarecimento quanto aos métodos contraceptivos, pois o aborto deve existir só em último recurso.

Enfim, a lei devia ser discutida na assembleia com médicos e outros especialistas, porque a questão não se resume a um simples:"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?". Espero que haja mais esclarecimento durante a campanha, de qualquer forma peço-vos que não fiquem indiferentes. Vão votar! Lembrem-se pelo menos daqueles que como eu queriam votar e por uns míseros 6 meses não posso!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Só faltava mais esta...

Se há coisa de que não nos podemos queixar do nosso governo é que há sempre razões para nos queixarmos dele. Recentemente, veio a público o caso de um homem de Odemira, que levou 7 horas até chegar a um hospital com condições para o atender.
Primeiro de tudo, se não viesse a público o governo nem mexia no assunto; como chegou à comunicação social o governo tomou medidas, ou seja, criou uma comissão de inquérito (o que mais poderia ser!?). O que é que a comissão de inquérito descobriu? Que havia falta de organização no INEM. Soluções: Privatizar!
E que palavra mais linda: Privatizar! Tem sido como música para os ouvidos dos últimos governos. Privatizou-se a gasolina, a electricidade, as águas, criaram-se os hospitais-empresa... Enfim, Portugal está a ser vendido aos pedaços! Dizem eles que é para emagrecer as despesas do Estado. O que é certo é que antes destas privatizações todas não se falava de crise...
E agora o INEM! Só faltava mais esta! Como se já não bastasse eu ter de pagar para ficar alojado nos nossos hospitais de luxo, e fecharem-me as urgências de noite, agora o INEM privatizado... Claro que não há serviços privados gratuitos, portanto já estão a ver as consequências se isto for para a frente! Vamos desmaiar e... pagar! Vamos jorrar sangue pelas orelhas e pelos olhos e... pagar! Vamos ter AVC's e ataques cardíacos e... pagar! Senhor Ministro da Saúde, se fosse por minha vontade eu não tinha ataques cardíacos! Não pense que é por pagar que vou deixar de os ter...Quem me dera que isso fosse assim.
Mas enfim, foi só uma ideia de uma comissão de inquérito, e nós sabemos que o governo não costuma ligar a essas ideias... Especialmente quando falam em privatizar. Resta esperar e ver...

terça-feira, janeiro 23, 2007

Os atentados da Caparica

Fiquem já descansados, o Bin Laden ainda não se lembrou da mítica praia da Costa da Caparica. Falo de outro tipo de atentados, talvez não tão mortíferos, mas que, ainda assim, podem contar como tal.
Acontece que a Costa da Caparica tem andado num autêntico reboliço. As ondas vêm e destroem tudo... Há quem diga que a culpa é do aquecimento global (parece que agora o aquecimento global é desculpa para tudo), há quem diga que é do governo (quando é que a culpa não é do governo!?), mas de quem é afinal a culpa?
Nós portugueses temos muito a mania do desenrasca. Como a praia da Costa não era grande para todos os digníssimos lisboetas que a conquistam todos os verões, não se fez mais nada, aumentou-se a praia (é digno de um Arquimedes, não?). E como? Simples! Uns paredões aqui, uns esporões acolá, ganha-se um metrito quadrado aqui, outro ali, no fim já dá para enfiar mais uns milharezitos de pessoas.
Pois... Só que os engenheiros portugueses (que para um projecto conseguem fazer 5 estudos de impacte ambiental, e mesmo assim nenhum dos 5 está bem feito) não pensam em tudo, e vá-se lá saber porquê, aqueles que fizeram o estudo de impacte ambiental para a Costa da Caparica (isto se houve algum estudo!), não pensaram que não se pode ganhar sempre terreno ao mar...Ora toma que já almoçaste! Vem uma marézita mais fortezita e um bar da praia vai abaixo e as casas ficam em risco. Qual a solução?
Sabendo que estamos a falar de um rectângulo à beira-mar plantado designado de Portugal, a resposta é óbvia... Remediar! Em vez de se emendar o mal feito e voltar a pôr tudo como dantes, evacuando as casas em risco, a solução é construir paredões mais altos e... meter mais areia para a praia. Enfim, não sei de que é que se fala nos cursos de engenharia, mas deve ser de tudo menos engenharia....

O Engenheiro Primitivo desenvolveu a roda quadrada. Como viu que o problema eram os vértices, o passo a seguir foi reduzir o número de vértices e passámos a ter uma roda triangular.

P.S.: Se substituirem a palavra primitivo por um nome de um filósofo grego, a frase continua a ter sentido...

terça-feira, janeiro 16, 2007

21 mil milhões de Euros... E agora?

Portugal acabou de receber o último carregamento fresquinho da União Europeia. 21 mil milhões de Euros, limpinhos. Uma quantia tão elevada que até para o Bill Gates é mesmo muita massa... A grande questão que se faz é... E agora onde vamos gastar este dinheiro todo? O Antitudo decidiu fazer uma peça satírica para elucidar melhor os portugueses do que vai acontecer a este dinheiro.

(Gabinete do Primeiro-Ministro. O telefone toca)
- Tou.
- Daqui Barroso.
- Então Durex, como está isso?
- Epá. Não me chames isso que o telefone pode estar sob escuta...
- Então o que é que queres, Zé Manel?
- Estás interessado em 21 mil milhões de Euros?(Silêncio prolongado)Então, estás aí, Zé Socas?
- Epá, Estou... 21 mil milhões de Euros!? Portugueses ou Europeus?
- Europeus...
- Mas isso é muita massa, meu!
- Bem, queres ou não queres?
- Já que insistes...
- Olha agora tenho assuntos importantes a tratar.
- Ok, Zé Manel, fica bem.

Sócrates nem queria acreditar... 21 mil milhões de Euros... E agora? Que fazer a tanto dinheiro? Preocupadíssimo, nas 48 h que se seguiram José Sócrates não comeu, não dormiu, mal teve tempo para tomar café, nem atendeu chamadas do seu amigo Infante, até que... "É isso! Vou criar uma comissão para me dar uma ideia mais concreta do que se pode fazer com tanto dinheiro!" Entre outras coisas, verificou-se que com 21 mil milhões de euros se podem comprar 70 submarinos nucleares, 21000 T2, 2 100 000 plasmas, 116 milhões de microondas... 42 mil milhões de cafés, mas as duas principais conclusões foram: é muito dinheiro e é necessário criar outra comissão com mais membros para se fazer uma avaliação mais abrangente.

Como a primeira comissão não indicou expressamente quantos mais membros eram necessários, o nosso primeiro-ministro decidiu criar então uma comissão de avaliação para ver se a primeira comissão estaria realmente a funcionar e outra comissão para ver quantos membros seriam necessário acrescentar. A primeira comissão chegou logo a uma conclusão: São necessários um PDA e um Audi A4 por membro da Comissão e das comissões subsequentes de modo a permitir mais eficácia na comunicação entre os membros e nas desloações necesárias. A segunda comissão chegou a uma conclusão: Deviam-se acrescentar mais de 1 a 6 membros para um funcionamento eficaz. Sócrates teve então mais uma brilhante ideia "Vamos lançar um dado e ver quantos sai, esse será o número de novos membros que a comissão vai ter". Posto isto levantou-se um grande problema: Quem iria lançar o dado? Teria de ser alguém credenciado, senão o governo era acusado de incompetência. Como nem Sócrates nem ninguém do seu governo percebia de dados, criou-se então uma nova comissão para decidir quem lançaria o dado, outra comissão para procurar o "dado perfeito" e ainda outra comissão para avaliar o grau de viciação do dado!" Descobriu-se então que nos EUA (onde mais podia ser!?) havia um lançador de dados profissional, o qual iria receber pelo lançamento do "santo" dado qualquer coisa como 30 000 euros. Quando questionado sobre o valor avultado, Sócrates apenas respondeu: "Atenção que é o melhor lançador de dados do mundo!".

Passou-se então uma semana e fez-se uma cerimónia com honras de estado e uma grande boda e "concertos" de Ranchos na FIL até que às 18h30 da tarde se procedeu ao lançamento do dado... Deu 5! Quando questionada a comissão de viciação esta informou que o dado era perfeitamente normal. Só que, uma semana mais tarde, após horas e horas de duro trabalho a recém-criada comissão de avaliação da comissão de viciação chegou à conclusão que alguns membros da comição de viciação eram corruptos e que os resultados apresentados em relação ao grau de viciação estavam de facto... "viciados"! Assim sendo, chamaram de novo o tal lançador de dados Norte-Americano que desta vez já custou 50 mil euros e fizeram uma nova cerimónia ainda mais pomposa para às mesmas 18h30 se fazer então o digníssimo lançamento do dado...4! Desta vez nada a dizer. Todas as comissões concordaram que foi, de facto, um excelente lançamento. Estava então decidido, a comissão de valorização dos fundos europeus iria ter mais 4 membros!

Mas, o presidente da República teve dúvidas e então enviou a proposta para o Tribunal Constitucional. Decisão: Proposta inconstitucional. Criou-se então uma comissão para a constitucionalidade, a qual ia ser especializada em avaliar ponto a ponto, a constitucionalidade das medidas do governo no que respeita a esta matéria. Criou-se também uma comissão de avaliação da comissão anterior e, como já havia comissões de avaliações a mais, criou-se mais uma comissão de avaliação das comissões de avaliação.

Ao fim de 3 meses, a primeira comissão estimou 230 456 modos diferentes de se gastarem 21 mil milhões de euros. Como eram, evidentemente, muitas maneiras, o sr. Primeiro-ministro criou mais uma Comissão de Triagem dos Modos de Gastar os Fundos Europeus, a qual seleccionaria apenas as maneiras mais viáveis e produtivas de se gastar o dinheiro. Claro que também criou a respectiva comissão de avaliação!. Seleccionaram-se "apenas" 100 mil. Aí, Sócrates criou uma Comissão para o Estudo Exaustivo de cada Modo de Gastar os Fundos Europeus, a qual seria formada por mil subcomissões, cada uma responsável por 100 modos...

Ao fim de mais 4 meses, e após muitas e exaustivas reuniões (algumas em Bares, Casinos, Casas de Alterne e locais mais duvidosos) chegou-se à conclusão que se deveriam investir 21 mil milhões de Euros na Educação, Ciência, Tecnologia e Indústria de modo a que Portugal progredisse e se aproximasse da média da União Europeia...

A medida passou em todas as Comissões de Avaliação, na Assembleia da República e até no Tribunal Constitucional... Só que devido aos encargos das comissões e subcomissões (deslocações, veículos, computadores, papel de impressão, papel higiénico, máquina de cafés, rimel para as unhas, FHM's) e nas cerimónias de lançamento do maldito dado os 21 mil milhões de Euros ficaram reduzidos a uns míseros 1€20... E agora!? Que fazer a tão pouco dinheiro? Sócrates estava indeciso... Um Kinder Bueno ou um croissant com creme de ovo? Não podia criar mais comissões, só havia uma solução: Um referendo!

Formulou-se então a sacramental pergunta: "NA SUA OPINIÃO, QUAL DEVERÁ SER O GÉNERO ALIMENTÍCIO A SER CONSUMIDO PELO EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO, O ENGENHEIRO JOSÉ SÓCRATES CARVALHO PINTO DE SOUSA, DE FORMA A QUE O ESTADO PORTUGUÊS DISPENDA DOS FUNDOS EUROPEUS COMUNITÁRIOS?" Formaram-se os movimentos pro-Kinder Bueno, e os conservadores pro-Croissant com creme de ovo. Foi, talvez, a mais memorável campanha de sempre. Nunca se comeu tanto Kinder Bueno e Croissant com creme de ovo no país... Quem ganhou foram as pastelarias e a Kinder... e no fim das eleições... Bem, o fim não interessa, escolham vocês se quiserem, a verdade é que tudo não passa de suposições e, vale a pena salientar, quaisquer semelhanças com a realidade são, não só mera coincidência, como puro fruto da imaginação fértil do leitor.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Ainda Os Grandes Portugueses...

Tentando abranger os comentários feitos no último post referentes a este tema, vou fazer uma análise àquilo que foi o 2º programa d"Os Grandes Portugueses", no qual ficámos a saber os 50º ao 11º melhor português e os 10 melhores para depois gastarmos todos 0,726€ a votar num deles.
Devo dizer que mais uma vez fiquei surpreendido, nomeadamente, ao ver pessoas como D. João I, Pedro Álvares Cabral ou José Saramago fora dos 30 primeiros, e mais surpreendido fiquei quando verifiquei que EU não estava nos 10 primeiros... (Deve ser alguma cabala que o pessoal da RTP montou contra mim...).
Quanto às classificações de Jorge Nuno Pinto da Costa e Alberto João Jardim não me surpreendem. Não que eu os considere, pessoalmente, grandes portugueses, mas a verdade, é que para o seu público são verdadeiros heróis, líderes vitoriosos. É claro que Pinto da Costa e Alberto João Jardim nada fizeram por Portugal, mas há que ver que Pinto da Costa é um Grande Portista e Alberto João Jardim um grande madeirense.
Apesar de tudo, o que realmente interessa, ou seja, o melhor português, vai saír de um lote que não me surpreende. Apenas um recado para aqueles que votaram em Salazar... Não se esqueçam que se esse sujeito ainda mandasse no país o mais provável é que vocês nunca pudessem votar no Grande Português...
E enfim... Ficamos à espera da decisão dos portugueses!

domingo, janeiro 14, 2007

Grandes Portugueses... Ou então não...

Em Outubro os Portugueses foram chamados a escolher, via Internet e SMS, aqueles que achavam que eram os "Grandes Portugueses".
Mas afinal, o que é um grande português? Essa deveria ser a primeira pergunta que as pessoas deviam fazer antes de votarem e que se calhar muita gente não fez. Para mim um grande português é aquele que mudou a história do nosso país, mudando também uma importante parte da história mundial e sendo uma pessoa de um carisma acima da média. Por outro lado, teria que esr d'"aqueles que se vão da lei da morte libertando", ou seja, que por mais que o tempo avance, jamais serão esquecidos. Claro que é de certo modo irrreal encontrar alguém que encaixe perfeitamente nestes padrões, mas foi para procurar aquela personalidade mais próxima destes parâmetros que os portugueses votaram.
Devo dizer que ontem, ao assistir ao programa, fiquei um pouco desiludido em relação às escolhas dos portugueses. Bem sei que ainda só foram mostrados os 50 segundos melhores portugueses, mas, por amor de Deus o que é que aquele ex-actor de Morangos com Açúcar, cujo nome nem merece ser enunciado, fez para ser o 80º melhor português. Só arranjo uma explicação, foi o maior actor de Morangos de sempre (em tamanho, claro!). Mas se esta classificação acaba por ter alguma explicação devido ao número de fãs juvenis da série (leia-se pitas histéricas), houve algo que me surpreendeu mais ainda:Maria do Carmo Seabra no 58º lugar. Quem é essa, perguntam? Uma ex-ministra da Educação do governo de... Santana Lopes. Pergunta: Como se foi tanta gente lembrar de tal figura? Palavra de honra que só pode ter a ver com cunhas e complôs políticos, porque de resto não faço ideia onde foram desencantar tal personagem...
Mas se houve classificações que pecaram por excesso, também houve aquelas que pecaram por defeito...D. João IV no 93º lugar é algo imerecido, para alguém que nos tirou do domínio Espanhol. E que dizer de Fontes Pereira de Melo? O homem que industrializou Portugal, encaminhando-nos no ritmo da Europa? Não mereceria um lugar bem acima dos 50?
Enfim, a democracia tem destas coisas... Nem sempre as maiorias têm razão, mas mais comentários só mesmo depois do programa de hoje à noite... Vou aguardar e esperar que ganhe o Angélico dos DZR't! Ok... Foi só uma piada de muito, muito, muito mau gosto!

quarta-feira, janeiro 03, 2007

(Des)Civilização!

Tudo começa, algures nos vales entre Tigre e do Eufrates, na Mesopotâmia. Foi exactamente lá que o Homem lançou a semente, desta árvore, à qual, orgulhosamente chamamos civilização. Ali se criou a escrita, fundamental para a evolução desde esse tempo até aos dias de hoje, e a roda. Onde ainda estávamos nós sem a roda?... Fizémos os primeiros carros movidos por força animal, construímos casas, fortalezas, cidades. Criámos as noções de arte, cultura e beleza. Começámos a formar comunidades, sociedades, desenvolvemos sistemas de organização social, as leis. Estamos agora a falar noutro contexto historico-geográfico - a Antiga Grécia, berço da Democracia, da Educação, da História, da Medicina, da Ciência, da Filosofia, pedras angulares da Civilização. A partir daí foi só aperfeiçoar o que já estava criado.

E aqui estamos nós, naquilo a que orgulhosamente adoramos chamar de Civilização. Temos computadores, onde podemos estar em contacto com todo o mundo, telemóveis que servem para estarmos em comunicação permanente com todos, temos escolas bem estruturadas e democratizadas, temos sistemas de saúde, sistemas de governo, temos transportes eficientes que nos permitem, mais do que nunca, chegarmos a qualquer lado o mais rápido possível, temos casas confortáveis onde praticamente não estamos sujeitos às intemperies, temos supermercados onde podemos obter tudo o essencial à sobrevivência, à vivência, ao bem-estar e até ao lazer! Enfim, mais do que nunca, temos tudo!

Mas, (e ainda está para nascer um post sem mas...) como conseguimos, chegar a este estado de perfeita hegemonia entre as espécies? Como conseguimos chegar a este ponto em que somos praticamente donos desta natureza que nos pôs no mundo? Primeiro, porque o Homem tem um grande defeito ou feitio que é a ganância, ou seja, nunca está satisfeito. Isto faz com que a civilização esteja em constante mudança. Segundo, porque desde os tempos mais remotos o Homem com a sua capacidade superior tem criado mecanismos que lhe têm permitido defender-se - ARMAS!

Nos primórdios da humanidade, as armas tinham o intuito de defender o Homem dos animais selvagens que habitavam as florestas. Depois, e já mesmo nessa altura, o Homem começou a precisar das armas para se defender dos outros homens. Porque lutavam os homens? Porque há guerras desde sempre? Exactamente, porque o Homem é ganancioso. Ninguém se contenta com apenas metade, quando se pode ter o todo. E é por isso que o Homem luta, pelo melhor pedaço. No início, o melhor pedaço eram as zonas de melhor caçada, depois, as zonas férteis para a agricultura, depois, as zonas com ouro e outros metais, hoje, por mais civilizados que estejamos, as guerras continuam a ser pelo melhor pedaço. Hoje em dia um bom pedaço é um que tenha muito petróleo. O grande problema, é que para além de se conseguir o "melhor pedaço", e acima de tudo, as guerras causam destruição, morte de seres humanos e o problema maior é mesmo o facto de as guerras terem evoluído ao longo dos tempos... Assim, antes, uma cidade como Atenas que demorou séculos a construir em poucos meses foi destruída. Hoje, temos mecanismos que nos permitem construir um edifício de 100 andares numa questão de meses, infelizmente inventámos bombas que num instante dizimam metrópoles! Será o preço a pagar pela Civilização? Vivermos num mundo perfeito que a qualquer momento pode desabar e desaparecer em segundos.

Por outro lado, esta coisa a que chamamos Civilização, tornou-nos dependentes de tudo... Dependentes da educação, para termos um emprego melhor. Dependentes do emprego para termos um salário. Dependentes da rotina, se queremos ter um bom salário. Dependentes de um bom salário, se queremos ter uma boa qualidade de vida... Ops! Que qualidade de vida? Sim, que qualidade de vida é esta que nos obriga a levantar todo o santo dia às 7h30 da manhã, tomar todo o santo dia os mesmos cereais que compramos sempre no mesmo supermercado, ir no mesmo carro, para o mesmo emprego, aturar o mesmo patrão, fazer as mesmas coisas, almoçar no mesmo sítio, estar com as mesmas pessoas, regressar tarde a casa para ver na televisão as desgraças do costume e ver mais um episódio da novela do costume, estar 5 minutos com a família e deitar-se porque se está exausto? Chamam a isto qualidade de vida? Eu não! Para quê? Sim, para quê estudar e ser o melhor do curso, ter sucesso no emprego, se não podemos gozar a nossa curta estadia na Terra como homens? Para quê deixar de ter de lutar pela sobrevivência se mesmo não lutando, continuamos sem tempo livre? Que Civilização é esta que cria a palavra liberdade, para nos manter presos à rotina, ao dinheiro, aos costumes sociais? Para quê? Para quê tanto esforço a criar um mundo tão perfeito, para ficarmos feitos bois a olhar para o palácio, para todas estas invenções... Sim, temos telemóveis! Sim, temos computadores! Sim, temos televisão! Sim, temos carros! Sim, temos ar condicionado! Somos mais felizes!? Somos mais felizes que os nossos antepassados que corriam descalços pelas ruas? Ah, pois! Mas esses morriam com 40 anos! Pois, agora vive-se até aos 80... 20 escravos dos pais, 40 escravos do patrão, 20 ligados à máquina... Enfim, qualidade de vida! Antes, bastava duas pessoas juntarem-se para se dar uma boa gargalhada, hoje, precisamos de ver televisão para esboçar um sorriso. Qual é o objectivo do progresso senão termos melhor qualidade de vida que os nossos antecessores? É bom podermos falar com pessoas que estão do outro lado do mundo, é bom podermos ir do Porto a Lisboa em pouco mais de duas horas, mas, será para isso necessário infestarmos o ar de Dióxido de Carbono, destruirmos a natureza? É isto o progresso? É isto qualidade de vida? É isto a civilização?

Enfim, transformámos o mundo à nossa volta de modo a torná-lo melhor. Para isso muitos sacrifícios foram feitos, ao Homem e à natureza. Hoje em dia, está praticamente tudo às nossas mãos, tudo a distância de um "clique", mas não... Não sabemos aproveitar a dádiva que a civilização nos deu e continuamos na nossa mesquinhice humana, sempre presos a algo, nunca satisfeitos. A escolha agora é de cada um. Quero viver a minha vida preso a rotinas, segundo as normas que me são impostas pelo governo, pela sociedade, pelas pessoas? Ou quero ser livre? I WANNA BE FREE!

segunda-feira, janeiro 01, 2007

O Primeiro de Janeiro

Hoje é 1 de Janeiro, o primeiro dia de 2007. Para muitos não passa do dia da ressaca, contudo hoje celebra-se algo muito mais importante, o Dia Internacional da Paz, um feriado assinalado no calendário.Um dia que seria melhor que nem existisse, pois o facto de se lembrar e se zelar pela paz só significa que por esse mundo fora prolifera a guerra.
Olhamos para África e vemos guerras civis que não cessam e que causam milhões de vítimas sem que os senhores dos países ricos tenham intervenções reais. Porque isso de aparecer sorridente para as câmaras e dizer que se tem de parar a guerra é muito bonito, mas o dinheiro que se ganha, por trás, com a venda de armamento é mais. Por outro lado, vemos o Médio Oriente que fervilha de lutas, umas vezes com interesses religiosos, outras, nem por isso, sempre com os hipócritas ocidentais a lavarem as mãos e a tentarem ganhar o seu quinhão.
Por mais que o povo queira, e por vezes, mesmo os governantes, há sempre interesses mais altos que se levantam, como se algum fim justificasse a guerra. E é por isso que hoje se lembra a paz, porque é, cada vez mais, uma miragem...