quinta-feira, maio 08, 2008

Ele há fatos e factos...

Há uns dias recebi no meu Gmail, um e-mail do Rafeiro Perfumado, que, gentilmente convidava todos os bloggers endereçados a fazer um post à meia-noite e um de quarta feira em forma de protesto contra o novo acordo ortográfico, e colocar na barra lateral umas coisas engraçadas... Infelizmente (ou não) tal não foi possível, por questões pessoais, mas, o repto ficou, e, cá estou eu para falar sobre essa temática que está tão na berra, e, sobre a qual, já muito se disse, mas há sempre algo mais a dizer.

Se há algo que vai mudar drasticamente, segundo o novo acordo, são os "cc" e os "pp" que vão cair. Ora, se nalguns casos faz todo o sentido que o "c" ou o "p" caiam, porque são mudos, casos de "cacto", "óptimo", "acção", "baptismo", etc. Outras há que não é bem assim...

Vou então catar a atenção do leitor para alguns exemplos mais ridículos...E sim, já enunciei um deles! Imaginem, que a partir de agora, a condição dum bom orador, já não passa por captar a atenção dos ouvintes, mas por catar...bom... E se os ouvintes tiverem lavado o cabelo?

Bom, mas há uma coisa positiva, mesmo muito positiva com o novo acordo... Vai deixar de haver raptos! Mas, por outro lado, vai passar a haver mais ratos, o que não é necessariamente melhor. Se fossem ao menos ra... vá, deixemos a ordinarice de parte!

O que é engraçado de ver, é que nunca mais vamos discutir factos. A partir de agora discutem-se fatos! Já estou a imaginar o primeiro-ministro gritar da tribuna: Massimo Dutti! E um daqueles deputados gordos e velhos a aplaudir, grunhindo lá atrás, "Muito bem", seguido de uma resposta do PSD, do tipo "Tu querias era este Georgio Armani!" Bom, escusado será dizer, que, estas mudanças, vão levar rapidamente ao suicídio de Francisco Louçã, que, se antes até trazia alguns factos bem incómodos, o único fato que tem em casa deve ser o fato-macaco! Não, senhor Alberto J. Jardim! Não é fato de macaco, esse continua o senhor com a exclusividade...
E se antes, andar bem parecido era importante para se ser um bom argumentador, agora é indispensável. Pois, se antes, "de facto, o senhor tem razão", agora, "de fato, o senhor tem razão", isto é, só temos razão se ostentarmos a gravatinha, as calcinhas bem passadinhas a ferro e o bom do jaquetão! Mais uma razão para o suicídio do sr. Louçã...
E já agora, questiono-me... Qual é a diferença entre um casamento e uma união de fato?

Outra coisa muito gira, é que deixa de haver pactos e passa a haver patos. Estou já a imaginar os bons dos comunas em excursão à Polónia e pedirem todos um "pato de Varsóvia". O mais provável é que saiam de lá de barriga vazia, porque agora os patos são outros, ora, por exemplo o pato de estabilidade e crescimento.
E agora imagine-se, que há uns tempos se assinou o pato para a justiça! Tenho a impressão que à educação calhou uma vaca...

É assim a nova ortografia! Subam-se os fatos, e esqueçam-se os factos!Façam-se patos, que o que não falta é quem coma!

sexta-feira, maio 02, 2008

Os Sindicatos

Passou mais um dia do trabalhador e, eu, como nem tenho mania nenhuma de ser do contra, decidi fazer um texto algo constrangedor e polémico numa altura inoportuna e desadequada. Isto é, numa altura em que se devia enaltecer as conquistas dos direitos dos trabalhadores, venho, por este meio, criticar os sindicatos...

Os sindicatos são praticamente parasitas sociais! Falam, falam, falam, mas não os vejo a fazer nada! E é verdade! A existência dos sindicatos, é por natureza, condenada à arte de bem reclamar... E, é por vezes, tão ou mais condenada, que, se não há nada para protelar, inventa-se! Congelamento de ordenados! 'Tá Mal. Aumento de salários de 2%: 'Tá mal, devia ser 4! Aumento de salários de 100%, 'Tá Mal. Devia ser 200! Depois chegam as greves (a uma sexta, que dá mais jeito) e lá vem o governo com os seus 0,05% e os sindicatos com os seus 99,95%.
Há outra coisa que está muito mal nos sindicatos, pelo menos a meu ver, que é o financiamento. Para além de os trabalhadores, terem um "x" de descontos para o sindicato, o governo também contribui com uma percentagem, em muitos casos, bastante boa, para as massas reivindicativas. Se por um lado, pode parecer bom, que o estado apoie a capacidade, e o direito dos trabalhadores a manifestarem-se, a revoltarem-se, a bater o pé, por outro prisma, é possível constatar alguma prisão de movimentos aos sindicatos, isto é, o governo diz, "vá, a gente dá-vos o carcanhol para se manifestarem, mas se reclamarem de mais nós cortamo-vos com o subsídio!". E aí, pronto, reclama-se, mas é só até não dar mau aspecto, assim, uma coisa mais de fachada...
Outro grave problema dos sindicatos é que, quando se entra nos sindicatos, deixa-se de ter contacto directo com o sector que se representa, isto é, sou trabalhador da profissão x,y ou z, mas, ou por ter uma boa retórica e/ou por ter bons contactos, tornei-me dirigente do sector x,y ou z, por conseguinte, quando é preciso reivindicar direitos para o sector x,y ou z, lá estou eu de bandeira e megafone em punho, e subo ao palanque para mandar uns "bitaites". No entanto, como há quase 20 anos que já não faço outra coisa senão ser sindicalista, pouco ou nada sei (na primeira pessoa) sobre os problemas concretos da profissão x,y ou z. Conclusão, prego um sermão muito bonito, mas que só os peixes ouvem... Bom, mas ao menos ainda tenho quem me vá sustentando...
Ainda para mais, os sindicatos em Portugal, como quase tudo, são partidarizados, ou seja, quando o PSD, está no poder, há dois poderes sindicais, quando o PS, está no poder, só existe CGTP. Se algum dia houver uma coligação PCP-PS, deixa de haver sindicatos...

Ora, com tão bons apoios, um financiamento tão próspero, pouco ou nenhum trabalho de vergar a mola, começamo-nos a aperceber que ter um sindicato é mais um tacho! Daí, é fácil ver uma sucessão lógica de acontecimentos. Ser do sindicato é um tacho, é fixe ter um tacho, vamos todos ter um tacho, vamos todos ter um sindicato! Resultado: Existem sindicatos a mais, gente a mais a pastar (para não ser mais incorrecto) à custa do trabalhador que verga a mola, produtividade a menos, lábia a mais... Por exemplo, existem 14 sindicatos só para os professores! Sim, a ministra faz muita porcaria (para não ser mais incorrecto, mais uma vez), mas "haberia nechechidade?"

E faço a pergunta no geral. Haveria necessidade para tanto sindicato, tanta hipocrisia, tanta "falsa luta social"? Seria talvez uma boa altura de os trabalhadores, de certos sectores começarem a analisar melhor, quem querem que os defenda, ou caso contrário, qualquer dia temos o sindicatos vendidos (mais uns) ao poder económico...