20 anos...

Fez ontem 20 anos que esta voz se silenciou. A voz calou-se mas a sua memória permanecerá para sempre presente em várias gerações de músicos, de outros artistas, de políticos, de pessoas comuns.
As músicas de Zeca Afonso traziam uma brisa de esperança, na qual, sem dúvida, muitos se apoiaram para nunca desistir, para continuar a acreditar que um dia o sonho poderia ser real.
Passados vinte anos, ainda está bem presente na cabeça de todos os portugueses, aquilo que foi Zeca Afonso, o espírito da revolução, talvez a própria essência da liberdade, ele mesmo era um espírito livre.
Para que a voz dele não se cale, lembro-o hoje, assim como todos os dias em que "A morte sair à rua" mas, com tristeza e dúvida, cada vez mais me questiono: Será que em Grândola, vila morena, ainda é o povo quem mais ordena?

Crónicas da Bélgica

Pessoal, voltei a Portugal! A Bélgica era boa, mas tive de vir. Devo dizer que as belgas, afinal, não são tão feias como as pintam (o que não contraria, no entanto, aquilo que eu disse em relação a uma certa portuguesa), nem a Bélgica é um país assim tão mais desenvolvido que o nosso.
A grande nota positiva para os belgas vai para o ambientalismo. Usam muito mais os transportes públicos que nós e bicicletas, nem se fala. Basta referir que ao pé da estação de comboio de Bruges havia um parque de estacionamento só com bicicletas, onde sem exagero, estavam para cima de dois milhares! Em relação a isto, dizer também que o trânsito na rua consegue ser comparável ao de Oliveira do Hospital!
Por outro lado, os belgas têm a mais aquilo que os portugueses têm a menos: orgulho próprio. Só um povo com grande orgulho conseguia ter a lata para tornar ex-libris o Maneken Pis, ou em português , "puto que mija". O grande busilis da questão não está no facto de ser uma bonita ou feia estátua, mas sinceramente estava à espera de um menino um pouquinho maior que 50 cm. Aqui em Portugal também há putos a mijar na estrada, na rua, em qualquer lugar, a qualquer hora, e não é por isso que fazem postais, porta-chaves, dedais, saca-rolhas, t-shirts e tudo o mais em homenagem. Ainda para mais quando a Grand Plaza enche muito mais a vista!
O último ponto é em relação a Amesterdão, cidade à qual dei um saltinho no Domingo. Se estão à espera de encontrar uma cidade onde cheire a ganza que tolhe, vão encontrar. Drogas leves de todo o feitio, vão encontrar. Prostituição oferecida, variada e à escolha!? Dez vezes mais do que estão à espera! Devo dizer, em relação a isto que não gostei do que vi... mas foi importante ter visto.
Enfim, viajar faz sempre bem! Se eu pudesse passava a vida a viajar, e espero poder voltar à Bélgica e à Holanda para ver tudo com mais calma.

Parabéns Antitudo!

Para além de hoje ser o dia da disfunção eréctil (só os monges tibetanos não sabem isso!) , hoje algo muito importante acontece... Este blog comemora um ano de existência!
Foram 146 posts, 868 anti-comentários (só um doido chanfrado como eu se dá ao trabalho de os contar à unha), vários inquéritos, alguma discussão, um ou outro erro ortográfico e científico, mas no fundo, penso que ao longo deste ano, consegui expor as minhas posições conforme queria. Se falhei nas minhas críticas foi por ter sido demasiado brando, e se houve posts melhores que outros (que há sempre) é porque faltou a inspiração, ou porque não houve assunto para ser contra.
Entretanto aproveito este post para dizer que vou para a Bélgica, e que se gostar daquilo por lá fico... Bem, se calhar não devo ficar, dizem que as belgas são feias como tudo, e especialmente se compararmos com uma portuguesa de quem eu gosto muito.
Fiquem bem pessoal!

SIM! E agora?

Antes de mais, vou fazer o balanço àqueles que foram os resultados de ontem, do referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez.
56,4 % de abstenção: A maior parte dos políticos congratulan-se de a abstenção ter descido em relação ao último referendo e de este ter sido o referendo com menos abstenção de sempre. Eu sinto-me, de facto, algo insatisfeito com tamanho alheamento da sociedade em relação a um assunto que é do interesse geral.
Quanto à margem com que o SIM venceu o NÃO devo-me considerar agradavelmente surpreendido pois ao ver tamanha abstenção, fiquei algo receoso que muitos Nins a tender para Sim não fossem votar. Felizmente, este factor foi insignificante para o desfecho final.
O SIM ganhou. Já fizémos a festa... E agora!? Agora que os portugueses deram o seu contributo, não vinculativo, mas nem por isso menos válido, que vão os nossos governantes fazer? Esta lei tem de ser muito bem pensada, e espero que os defensores do SIM façam dos argumentos com que convenceram o eleitorado, leis. Isto quer dizer que temos de ter uma lei justa, equilibrada e bem estruturada, que o aborto não pode ser visto como um método contraceptivo, e que o planeamento familiar continua a ser importante. Aborto num estabelecimento médico, com comparticipação do estado? Sim. Aborto livre e gratuito? Não. Maior eficácia no combate ao aborto clandestino? Sim. Aborto como mais um contraceptivo? Não. Reforço do apoio à maternidade? Sim, sempre.
Que se lembrem os políticos, porque é que os portugueses votaram SIM!

Uma verdade inconveniente

Por estes dias, Al Gore, o ex-futuro presidente dos EUA encontra-se em Portugal para conferenciar sobre o seu livro e documentário "An inconvenient truth", que fala sobre as alterações climáticas do homem que têm provocado o aquecimento global.

Ora, esta verdade inconveniente, de que as emissões de gases para a atmosfera provocam o efeito de estufa e o aumento acentuado da temperatura, já era conhecida desde os anos 70. Só que na altura eram uns senhores barbudos de óculos, também chamados cientistas ou ambientalistas, que diziam: "ou reduzimos drasticamente a emissão de CO2 ou então o planeta terra e a humanidade vê-se em maus lençóis". Nesse tempo, os engravatados, vulgos políticos e senhores do capital do mundo, não levaram nada a sério os avisos daqueles a que chamavam hippies e não fizeram nada para mudar a situação.

Só muito mais tarde, concretamente em 1992, no Rio de Janeiro, os lideres mundiais começaram a dar a relevante importância à questão, e só em 1997 foi assinado o Protocolo de Kyoto, no qual os países se comprometiam a reduzir substancialmente as emissões de CO2. Acontece que, mesmo nessa altura, os EUA, maior emissor mundial, maior potência, país com mais responsabilidades (por isso devia dar o exemplo!) não assinaram e ainda há pouco tempo se orgulhavam de serem o único país a não participar em tamanha anedota :"Nós os maiores do mundo podemos fazer o que queremos". Pois não podem! E sofreram um revés há bastante pouco tempo quando o furacão Katrina (evidente consequência das alterações climáticas) lhes destruiu Nova Orleans mas acima de tudo porque viram seriamente ameaçadas as plataformas de petróleo do Golfo do México e Novo México (Morrer um milhão de pretos não é nada... Agora perder um milhão de barris do "preto" já é outra conversa!).

Mas agora pergunto: Se já sabem disto há tanto tempo, porque é que só há dez anos começamos a fazer algo para mudar a situação? Desde os anos 70 que podíamos estar a desenvolver veículos e formas de energia mais ecológicos, mas não...

O poder capital falou mais alto! O poder do lucro fácil, o poder do petróleo. Todos esses interesses se sobrepuseram àqueles que são os verdadeiros interesses do planeta Terra e da Humanidade e por isso agora estamos aflitos e numa corrida frenética contra o tempo. Agora que estamos a sofrer já os efeitos do aquecimento global, agora quando já serão precisos 100 anos sem emissões para voltarmos a uma temperatura normal!

Agora, mais de 35 anos depois dos primeiros sinais, vêm aí Al Gore surpreender os estúpidos dos americanos com aquilo que o resto do mundo há muito sabia, isto do aquecimento global é coisa séria. Esta é a verdade inconveniente. E não só é inconveniente para os senhores do poder que foram negligente, também é inconveniente para todos os seres vivos do planeta terra que começam a sofrer as consequências do aquecimento global. Por isso, temos de agir rapidamente! "Pensar global, agir local". Começar com pequenas coisinhas. Grão a grão enche a galinha o papo e talvez assim consigamos levar água ao moinho. Talvez assim os meus netos possam ter um futuro...


Site "Un Inconvenient Truth". Recomendo vivamente que visitem.

Liberdade!?

A liberdade pode ser um pássaro que voa.
Mas não é mais fácil voar a favor do vento?
Então ao voarmos a favor não somos livres porque voamos com o vento,
Ao voarmos contra gastamos muito mais forças e o que ganhamos?
Oh! O doce sabor da liberdade...
Sim! Ter asas e voar contra a corrente!
Fugir dos tiros, contornar os obstáculos...

Mas eu não sou livre?
Então que são os obstáculos?
Pedras, postes, árvores,
Tudo me proibe de ir para ali ou para acolá
Tudo se ergue para me fazer recuar
E mais uma vez a questão:
Lutar contra a maré?
Ou desistir? Voltar para trás?
Para o caminho que já conhecemos?

Seguirei em frente!
Seguirei até que as forças me faltem...
Contornarei todos os obstáculos que me aparecerem à frente.
Para onde vou? Não sei...
Nem sei se vou para lado algum,
Se há objectivo a alcançar.
Vivo o dia e passo cada obstáculo, pensando já no seguinte...
E continuarei assim...
Lutando contra a corrente,
Seguirei até que um dia me faltem as forças...
E aí? Voltarei para trás?

NÃO! Perderei o fôlego, perderei asas, cairei...
Mas morrerei em liberdade,
Feliz por ter tido uma vida contra o vento,
Por ter lutado contra o mais fácil,
Em favor do mais justo!
Morrerei feliz... Porque fui sempre livre!