sexta-feira, setembro 29, 2006

Uma simples foto...

Esta foi a imagem vencedora do World Press Photo de 2005, os prémios anuais que poderão ver em Portugal, no Centro Cultural de Belém, a partir de hoje até 22 de Outubro. Uma fotografia simples de um rosto de uma mãe com a pequenina e enfezada mão da filha fechando-lhe a boca, mas é também, e mais do que isso um rosto do sofrimento, da fome, da miséria, da extrema pobreza...
Pois enquanto por cá nos preocupamos com a OPA da Sonae à PT, com as escutas telefónicas, com a nova contratação do Benfica, com o défice, com o desemprego, este é o rosto de quem luta pelo direito mais primo que o ser humano pode ter, o direito à vida, o rosto de quem luta pela sobrevivência e apenas isso a preocupa.
O que é realmente preocupante é que mesmo tendo descoberto a electricidade, inventado o rádio, a televisão, o computador, o telemóvel. Tendo nós criado os supermercados e depois os hipermercados para que suprissemos mais eficientemente as nossas necessidades, muita gente ainda vive, ou sobrevive, igual ou pior do que à 10 mil anos atrás, continuam a depender do bom tempo para as boas colheitas. Neste caso veio uma seca e a catástrofe foi inevitável. Mas alguém quer saber disto? Que interessa que morram mais uns milhões no Niger, no Chade, no Burkina Faso, no Mali? Já morreram tantos... Muitos países hipocritamente enviam dinheiro para ajudas humanitárias, quais esmolas! Não querem tirá-los do fosso subdesenvolvido em que estão metidos, querem apenas mantê-los sossegados, felizinhos com a esmolinha lá no seu cantinho do 3º mundo, impotentes perante as crises do seu país, quanto mais as mundiais... E os seus líderes têm também quota parte nisso, corruptos e gananciosos, subiram rápido demais e divertem-se às guerrilhas nos tempos livres, causando mais miséria, mais fome, ainda mais pobreza. Aonde vai isto parar!?

Uma imagem vale mais que mil palavras...

terça-feira, setembro 26, 2006

Uma tarde nas compras...

Dona Florinda, 49 anos, casada vive numa aldeia no interior do país. Dona Elisa, 47 anos, também casada vive na cidade de Lisboa. Ambas esta tarde vão comprar pão. Dona Florinda, como sempre vai à mercearia da Dona Arminda. Dona Elisa vai a um dos "Shoppings" do senhor Belmiro...
Dona Florinda chega ao estabelecimento da Dona Arminda, cumprimenta-a e vai logo direito ao assunto: - Vinte papos secos.
Dona Elisa ainda está no trânsito no carro conduzido pelo marido, ao fim de 20 minutos no trânsito finalmente fica à porta do Centro Comercial. Ela conhece o sítio, não é estranha à "casa" e vai logo directa à padaria que fica em frente ao fundo. Contudo... "Ah! Que belo casaco! Vou experimentá-lo!" Depois de o experimentar decide ficar com ele, assenta que nem uma luva, "Vou fazer inveja às minhas amigas todas!".
Entretanto na loja da dona Arminda, Dona Florinda já ficou a saber que o filho do primo Acácio é bom de estudos e vai para engenheiro: "Hmm, pode ser que chegue a primeiro ministro", congemina a Dona Florinda. Ambas se riem.
No Shopping, Dona Elisa fica encantada agora com um peluche engraçado que vê. Era giro dá-lo à sobrinha mais nova, pega nele e põe-o no carrinho. Mais à frente. "Oh! Que laranjas tão apetitosas, e estão em promoção". O gesto que se seguiu já é previsível. A padaria já estava próxima, mas "Que lindas flores! Ficavam perfeitas na minha mesa da sala". E pronto, para o carrinho! Finalmente lá tirou um saco de plástico com os 20 papos secos que queria, e porque não um pão-tigre tão fofinho e com tão bom aspecto? Também vai.
Dona Florinda conta agora as aventuras do marido do fim-de-semana anterior, Dona Arminda entoa agora alguma política... A do senso comum.
À saída Dona Elisa não resiste às caixas de bombons e aproveita para levar as revistas cor-de-rosa da semana para se actualizar...
- 172,55€ - robofala a caixa.
- O quê!? Não ouvi bem.
- 172,55€ - robofala a sínica caixa.
- Ok, já percebi. É muito dinheiro!
- A vida está cara - roboresponde a caixa com um sorriso hipócrita.
- Posso pagar com cartão?
- Pode pagar com cheque em dinheiro ou em cartão - roboconstata a caixa.
- Não tem saldo no cartão - robolamenta a caixa
Aquilo que a Dona Elisa viu de seguida foi algo transcendente. Suspensa no céu uma placa mágica dizia "Quer dinheiro já? Cofidis, o crédito por telefone!" E enquanto o Diabo se espreguiça (porque não foi tão pouco tempo como esfregar um olho) Dona Elisa já tinha 200 euros no seu cartão! Assim pode pagar a exorbitante conta do supermercado.
- Obrigado! Bom dia! - robosorriu a caixa.

Para aqueles que não perceberam este texto não se trata de uma mera comparação entre o comércio tradicional e o comércio actual, trata-se também de uma crítica à sociedade de consumo. Uma sociedade que não olha a meios para atingir os seus fins e que se aproveita das fraquezas e até das qualidades do ser humano para levar avante as suas preversas intenções. Basta ver quando a Dona Elisa é levada, pelo amor à sobrinha, a comprar um peluche, ou quando para fazer inveja às vizinhas compra um bom casaco. Por outro lado, na terra da dona Florinda o comércio acaba por ser o pretexto para uma boa conversa para arejar enquanto que no centro comercial as pessoas entram para um sítio bem fechado para só sair com as mãos cheias (e os bolsos vazios!).
Como vemos, a sociedade de consumo é manipuladora e desrespeitadora da opinião ou escolha individual, a pergunta que se faz é qual? e não, preciso ou não preciso? Podemos até dizer, sem mentir que esta sociedade cria necessidades fazendo com que tudo seja preciso... Tudo contribui, o marketing, a cultura de massas, mas acima de tudo são os defeitos, qualidades e sentimentos do Homem que o fazem alinhar na sociedade consumista.
Agora a escolha é nossa, somos homens racionais, pensamos. Vamos alinhar nesta sociedade irracional e manipuladora? Vamos continuar a consumir e deixar que a sociedade nos consuma? Ou vamos lutar contra isto dar um pontapé e mudar o sistema? Talvez seja só preciso um primeiro passo...

sábado, setembro 23, 2006

O Futebolês

O futebol não é para o intelectual que se preze, não! O futebol é para a gentalha, o povo, a plebe, aquelas pessoas que não se dedicam muito ao pensamento e à cultura. O futebol é uma cultura de massas, como tal para ser tão abrangente tem de deixar certas minorias de fora como por exemplo, os intelectuais. Mas será mesmo assim?
Se é verdade que os intelectuais desprezam o futebol, é também verdade que o futebol não dispensa a intelectualidade. E é aí que entra uma nova corrente linguística, o Futebolês. Muitas pessoas sem cultura nenhuma começaram a cultivar-se quando ouviam relatos de rádio ou liam a Bola, o Record ou o Jogo. Não se acreditam? Vamos ver...
Os comentadores de rádio são autênticas pedras de saber. Em vez de dizerem "o Hélder Postiga é bom a marcar penáltis", dizem "o Hélder Postiga é exímio a converter pontapés da marca da grande penalidade", digam lá que não soa mais erudito? Em vez de dizerem "Figo passou a bola do meio campo para o ataque" preferem dizer "Figo endossou a bola da intermediária para a linha avançada". O árbitro não mostra o cartão amarelo, exibe a cartolina amarela. Ou então, em vez de dizerem "O Sporting está com a moral em baixo" soa melhor "Os jogadores do Sporting estão diminuídos em termos anímicos". Esta palavra anímico usa-se muito no futebolês e já não há treinador de bancada ou de sofá, que não a saiba. Estes são só alguns exemplos do quão culto é o vocabulário do Futebolês, mas há mais.
O Futebolês é também rico em termos matemáticos. Desde o ângulo apertado, ao passe transversal, passando pela diagonal, a matemática parece ser mais simples com exemplos do futebol.
Claro que há o reverso da medalha, muitos comentadores, para não dizer todos, ao exagerarem no uso de vocábulos ricos cometem também muitas gaffes e então surge por vezes o árbitro a derrubar o jogador, o passe anímico, o fora de jogo mal exibido, já para não falar na longuíssima lista de gaffes proferida por esse mestre do futebol... o Gabriel Alves, pois claro!
E pronto, se forem, ou se se considerarem intelectuais já sabem, passem a ver, ouvir e ler futebol, senão, continuem a ver à mesma, sempre é mais educativo que os Morangos ou outra qualquer novela!

sexta-feira, setembro 22, 2006

Dia Europeu sem Carros!

Provavelmente nem se aperceberão, mas hoje, 22 de Setembro é o dia Europeu sem carros. Mais uma boa iniciativa da União Europeia no âmbito de promover os centros históricos das cidades e um maior espírito ecológico aos cidadãos.
Uma boa iniciativa, mas também infrutífera. Pois, se neste dia aparecem os presidentes das câmaras nos seus actos populistas de deixar o Audi A4 na garagem e deslocarem-se de metro para o emprego, nos outros 364 as cidades voltam à sua rotina normal, engarrafamentos, buzinadelas, cheiro a gasolina por tudo quanto é sítio, enfim...
A verdade é que o dia sem carros não passa de um dia, porque ao mesmo tempo que se diz às pessoas "viaje nos transportes públicos", "ande de bicicleta", "vá a pé para os sítios mais próximos", aumentam-se os preços dos bilhetes do autocarro e do metro, não se constroem ciclovias e muitas vezes os passeios são eliminados para dar lugar a mais uma faixa de rodagem... para os carros.
Como vemos o dia sem carros é também um dia sem importância, porque, primeiro, as câmaras pouco fazem para que se torne num dia a sério, ao cortarem o trânsito a ruas de pouco movimento e sem importância, deixando as grandes avenidas para os carros e depois porque as pessoas pouco se preocupam com o CO2 que enviam diariamente para a atmosfera, não se preocupam com o futuro delas.
Bem, espero que daqui a uns anos já possamos deslocar-nos em carros ecológicos e deixar assim um mundo melhor para as gerações seguintes.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Fui Etiquetado!

Bem sei que ser etiquetado não é tão grave como ir para um campo de concentração, ou sequer ser atingido por bombas norte-americanas, mas posso dizer que fui atingido... Uma moça, da minha idade, curiosamente que tem de nick peace&love, mandou-me assim uma etiqueta, como quem manda uma seta... Bem, pensamento positivo... Lembrou-se de mim!! Iupi!
Bem, pela lógica das coisas tenho que dizer 6 coisas sobre mim e pronto eu digo. Contrariamente ao que seria esperado... Não sou contra e digo:
"6 coisas sobre mim" - Pronto está dito! (a assistência apupa)
Pelos vistos estavam mesmo à espera que eu dissesse 6 coisas sobre mim, melhor que enunciasse, porque para além de mais caro é também mais correcto nesta situação usar-se enunciar do que dizer. Como vêem este é também um blog com etiqueta. (O público exalta-se, alguns exclamam: Para conversa fiada já chega o Sócrates!)
Parece que querem mesmo que enuncie 6 coisas sobre mim. Assim farei:
"coisas sobre mim", "coisas sobre mim","coisas sobre mim", "coisas sobre mim","coisas sobre mim", "coisas sobre mim!" (A plateia congratula-me com tomates podres e afins)
Está difícil, hã? Ok, ok, eu digo 6 coisas sobre mim, deixo-me de filosofias e logo a seguir etiqueto 6 pessoas...
- Tenho por tendência ser do contra (quem não sabia?)
- Tenho a mania que tenho piada (alguém duvidava?)
- Tenho a mania que sei escrever (enfim, escravinhar...)
- Tenho um blog (ainda querem provas?)
- Adoro criticar e emendar (Sou muito piquinhas nesse aspecto)
E a última coisa...
- Não tenho nada, mas tenho tenho tudo... (os visitantes do blog acabam de mandar um vírus informático para o meu computador, parece que foi má ideia esta de querer ser como a Floribella...)
Ok, ok... Já percebi que o pessoal não está para suspenses hoje por isso vou dizer a última coisa sobre mim:
- Sou terrivelmente tolerante e ao mesmo tempo de ideias muito fixas (algo paradoxal, mas que consegue coexistir dentro do meu pensamento)

E agora os 6 etiquetados são...
- Dinar Al-Khatab e o seu blog Cenas Maradas
- O blog Scapegoat
- O Fábio e o Anti-morangos
- O Ecrã Azul
- Tudo no Nada
- Nuno Pereira e o seu Mundo

Bem, devo dizer que a escolha foi difícil pois muitos possíveis etiquetáveis já tinham sido etiquetados, assim, ainda consigo deixar para outros esta árdua tarefa de etiquetar alguém...

segunda-feira, setembro 18, 2006

Floribesta vs Morangos com Allien, o épico da televisão portuguesa

Há muito que José Eduardo Moniz e Pinto Balsemão se guerreiam na mais longa guerra de audiências que há memória. Praticamente um imitando a estratégia do outro, mas apostando sempre forte nos seus produtos... Tal guerra parece não ter fim e atingiu agora o auge com a mais épica batalha de sempre. Uma batalha que vai muito além das 4 linhas rectas que definem um televisor, que extravasa as ondas electromagnécticas emitidas pelas antenas e retransmitidas pelos satélites. Uma batalha que ficará na memória dos portugueses quase eternamente e que irá durar até que os limites da paciência se esgotem... Tal parece ainda estar longe, mas vamos ver como tudo começou...

Há sensivelmente 3 anos, a TVIndecente lançou um projecto novo, mais uma produção nacional, como já vinha sido hábito para as paragens do Cacém. Um projecto que por ser novo não era de todo inovador. Como todos sabemos, Morangos com Açúcar foi a aposta para fazer frente a New Wave e em termos gerais, o formato era o mesmo. Era, mas a pouco e pouco, série após série, a produção da TVI foi moldando o formato da novela para termos mais portugueses, e hoje, na era pós-DZR'T, Morangos com Açúcar não passa de um desfile de miúdas giras e tipos jeitosos, com falas rudimentares, etc, etc, etc.
Contudo apesar de estes defeitos todos, os malfadados morangos tornaram-se de longe no programa mais visto entre as 18h e as 20h e depois das notícias.

Balsemão não podia estar parado muito mais tempo, porque em televisão, parar é morrer e então contra-atacou, com um formato importado, mas adaptado à sua/nossa realidade. Precisava de igualar os Morangos e então usou as mesmas armas que Moniz, mas de uma forma ainda mais eficiente. Podemos dizer que foi direito ao assunto. Até aos morangos se intalarem de pedra e cal em Portugal foi preciso mais de um ano. À Floribella bastou 1 mês. Os DZR't lançaram-se na vida "artística" real passados quase dois anos de MCA. O CD da Floribella tem 9 platinas ao fim de menos de meio ano. Pinto de Balsemão acabou por ser mais esperto que José Eduardo Moniz e apercebeu-se melhor que nunca que a Floribella iria ser mais que uma produção nacional de televisão... Floribella agora é mais que isso, é uma máquina de fazer dinheiro à custa dos sonhos das crianças... A SIC apostou tudo em Floribella... e ganhou! Não são só as audiências que o dizem, as vendas de merchandising chegam para se chegar a esta conclusão... Já não via tanto fanatismo infantil desde o tempo do DragonBall.

Mas o que fez que a Floribella ganhasse aos MCA? O tempo de emissão, que é como quem diz, bombardeamento televisivo é praticamente o mesmo, os horários concorrentes... Não me venham dizer que é da qualidade dos actores ou dos diálogos, porque apesar de diferentes, são numa análise geral, iguais. Aquilo que se passa é que os Morangos com Açúcar começaram a esgotar, nos argumentos, nas personagens, nos actores, em tudo e no momento certo a estação de Carnaxide atacou, com um formato diferente, mas para o mesmo público e abrangendo acima de tudo um novo público ainda mais jovem do que o que assistia aos MCA e também, por ser uma novela mais convencional, público de classes etárias mais elevadas. Por outro lado há que ver a vertente musical... Ao mesmo tempo que se lança na ficção, Floribella ataca simultaneamente a nível musical, e não interessa a qualidade da música, que é pouca ou nenhuma, até porque Pinto Balsemão tira outro coelho da cartola, Showtógrafos. Pois se a música não vale, valham os autógrafos... Nem os DZR't ousaram descer tão baixo... Cobrar para dar autógrafos! Mas quem pensam que ganha com este negócio todo? A Flor? A produção? Também, mas acima de tudo o sr. Impresa, que vidrou os putos na Floribella durante as férias e agora colhe os frutos no regresso às aulas, numa táctica massiva do capitalismo mais selvagem... Criar o vício para o vender, apostando no ponto fraco dos adultos, a irresistibilidade às crianças, para esvaziar os já vazios bolsos dos portugueses...

A grande diferença entre Moniz e Balsemão é simples... Moniz agrada ao povo, mas Balsemão sabe como o controlar. Um arriscou, o outro esperou, viu no que deu e atacou qual raposa manhosa, qual abutre... E agora? Conseguirá Pinto Balsemão aguentar o gigantesco Universo das Maravilhas da Floribella? Conseguirá Eduardo Moniz encontrar o calcanhar de Aquiles deste gigantesco cavalo de Tróia? Que truques terá a TVI, para a 4ª Série dos Morangos? Vencerá o Alien apoiado pelos venenosos morangos ou Floribesta com o seu brutal ataque de garras capitalistas? Não percam o próximo episódio porque nós... Provavelmente, temos algo mais interessante para fazer!

sexta-feira, setembro 15, 2006

What if god was one of us?


É partindo desta excelente música da Joan Osbourne que faço esta crónica... E se Deus fosse um de nós? E se o filho de Deus feito homem vivesse nos nossos tempos em Portugal?

Bem, para começar, nunca teria nascido, em palhinhas deitado, nem muito menos ao lado de uma vaca e de um burro, primeiro porque os burros (de 4 patas, saliente-se) estão em vias de extinção e depois nascer ao pé de animais dava no mínimo direito a que se chamasse a assistente social para levar o pequenino Deus menino... Assim, como qualquer pessoa no país, Maria e José teriam o seu filho na maternidade mais próxima, que tanto podia ficar à porta de casa, como a 100 km, isto dependendo do sítio onde vivessem.
Analisando a condição social descrita na bíblia parece-me que hoje em dia, José não seria carpinteiro, mas provavelmente operário ou quiçá pedreiro, assim sendo viveria nos subúrbios ou de Lisboa ou do Porto... Ah! Escusado será dizer que Jesus não poderia ajudar o seu estimado pai no ofício, tal seria exploração do trabalho infantil. Quanto a Maria continuaria doméstica, e no corte e costura com a sua prima Isabel.

Milagres!? Como é da cultura cristã, Cristo, pois claro, fez muitos milagres, quais seriam os milagres de Cristo no nosso tempo?
A multiplicação dos pães hoje em dia seria inútil, se fosse a multiplicação das pizzas talvez se aceitasse... Transformar água em vinho com a cerveja a 0,29€? Para quê? Se transformasse Renault's Clio e Fiat's Uno em Mercedes, BMW's, ou até Porsches é que era milagre! Curar um cego, fazer um coxo andar!? Dava sem dúvida direito a uma boa reportagem na TVI, mas pouco ia além disso. Se Jesus queria fazer um milagre em grande, era pôr o estado a dar lucro! Bem, pensando melhor, nem uma entidade divina conseguia fazer isso... mas se fizesse uma cura de "cegos" em massa, talvez ajudasse no caso apito dourado...

Quanto à forma de comunicação, convinhamos que o típico "Naqueles tempos, Jesus subiu ao monte e disse" não se adequa de modo algum aos nossos tempos em que só se olha para os montes na volta a Portugal, ou quando neva. Não duvido que o Jesus dos nossos tempos teria direito a pelo menos 15 minutos num dos talk shows da manhã, ou então como pessoa decente/influente teria um programa ao Domingo à noite, provavelmente "As escolhas de Jesus Cristo de Nazaré". E aquela cena de contar parábolas já não está ao alcance da inteligência da maior parte das pessoas, nesses programas é melhor mandar umas frases bonitas e sonantes ou umas críticas para o ar assim tipo indirectas mas que o pessoal aplaude todo.

Uma das questões que se coloca na música é: If god had face, what would it look like? Como seria o "look" do Cristo dos tempos modernos. Com a túnica e aquela barba mal arranjada, hoje em dia, seria considerado um louco, por isso, talvez fosse melhor ter um acessor de imagem, como qualquer carita famosa hoje têm, ou então ter um "look" bué de fixe, tá-se bem, iê, estilo aqueles tipos que se fartam de vender músicas plagiadas com nome sobremesa.
Ah! Outra coisa, Jesus Cristo, ou Senhor Jesus, não são formas de tratamento de uma pessoa com um papel tão importante na sociedade... Talvez Dr. Cristo ou Engenheiro Cristo lhe assentasse melhor, afinal nem é preciso ser doutor para se ter o Drzinho atrás, e aliás ficava-lhe bem, hã?

Enfim, acho que deu bem para ver o que acontecia se Deus fosse um de nós... Acho que ficou um post engraçado e gostava de salientar não ter sequer mencionado a hipótese: Cristo candidato a presidente da república... acho que lhe denegria demais a imagem, e nestas coisas do sagrado, não convém abusar...

quarta-feira, setembro 13, 2006

As escolas que abrem e as que ficam fechadas

Com a abertura oficial do ano escolar é natural que as escolas abram e acolham o milhão e meio de estudantes existentes no nosso país, infelizmente, este ano, por decisão governamental mais de 1500 escolas ficam de portas fechadas... Porquê? Bem, a maioria delas por falta de alunos, umas poucas por falta de condições... Mas na minha opinião a maioria não abre por falta de respeito!
Passo a explicar, a senhora ministra acha por bem encerrar uma escola com 29 alunos (não são só 3 ou 4) obrigando esses mesmos alunos a frequentar uma escola a 26 km, parece-vos razoável? A mim também não, mas acho que mais irrazoável é o facto do presidente da república não ter colocado dúvidas sobre a lei ao tribunal constitucional, porque a lei é inconstitucional. Segundo a constituição ninguém pode ser discriminado no acesso à educação e este deve ser igual para todos. Agora digam-me qual é a igualdade de acesso que tem um estudante que tem de percorrer 26 km para ter aulas e outro que no raio de um quilómetro tem 3 ou 4 escolas à escolha?
Por outro lado esta medida vai contra uma bandeira do ministério da educação, a luta contra o abandono escolar. Claro que uma criança de 6 anos que tem de se levantar às 6:30 da manhã e fazer 26 km sempre às curvas num autocarro do tempo da 2ª guerra mundial para ir para a escola, não pode pensar senão em abandonar a escola. E mesmo que tenha a coragem e a força de vontade para continuar na escola, não terá o mesmo tempo e disponibilidade para estudar quando chega a casa na hora de jantar... Não sei, mas se a senhora ministra tivesse este ritmo talvez percebesse melhor do que falo...
Há ainda outro grave problema adjacente ao fecho das escolas, a desertificação... E aqui critico o sr. Sócrates, por um lado diz, temos de descentralizar, impedir a fuga do interior para o litoral, acabar com a desertificação, por outro lado, vira costas a estes problemas e diz, fechemos escolas e centros de saúde em sítios com pouca população. Está no mínimo a ser contraditório, não?
Por último gostava de salientar que não sou contra o encerramento de escolas com 2, 3 alunos, em sítios que têm escolas a 2, 3 km de distância, mas estou contra certas discrepâncias nas escolhas das escolas a fechar, muitas delas com obras recentes, em óptimas condições... Depois daqui a uns anos vão-se construir mais escolas, gastando-se mais uns milhões que podiam muito bem ser poupados, não fosse esta medida de cortar o mal pela raíz de um cada vez mais baralhado governo...

segunda-feira, setembro 11, 2006

11 de Setembro - 5 anos depois...



Sem dúvida que as imagens daquele 11 de Setembro de 2001 ficaram cravadas nas nossas memórias, seja por serem chocantes e dramáticas, seja por já terem sido passadas e repassadas milhentas vezes. Eu lembro-me perfeitamente do quanto os meus olhos brilhavam ao ver aquele acontecimento, para a minha ingénua mente de 12 anos o 11 de Setembro não passava do primeiro ataque frontal ao Império, a totipotência dos Estados Unidos atingida por uma flecha mesmo no seu coração; o David, com a sua inteligência e astúcia, atacava o Golias grande e invencível, na sua própria casa... Era o que os meus sorridentes olhos viam... Lembro-me que dei uma gargalhada e disse: Bem feita!
Infelizmente, nesse dia 11 de Setembro de 2001, por volta das 14h em que assisti em directo à cena toda, não me passava pela cabeça a quantidade de americanos civis e inocentes que morriam naquele dia, e mesmo que pensasse, chegava ao cúmulo de no meu entrosadíssimo ódio anti-americano, pensar para comigo: "são americanos, estavam a merecê-las"... Obviamente aqueles quase 3000 inocentes não tinham culpa das políticas do seu país e numa análise posterior, pensei, tiveram azar... Porque é que o avião que ia contra a casa branca teve azar?
Mais tarde ainda, hoje, olho para trás e vejo que aquele 11 de Setembro de 2001, não só matou 3000 civis inocentes nos Estados Unidos, não só deitou abaixo as maiores torres do planeta. Infelizmente para os Estados Unidos o 11 de Setembro acabou por ser um bom pretexto para invadir o Afeganistão, para "democratizar o Iraque" e fazer cair outra torre... Saddam Hussein. E agora penso, quantos 3000 civis já morreram na cruzada maluca do Sr. Bush? Pior é pensar que esse mesmo presidente dos EUA conseguiu, com o sempre útil pretexto da luta anti-terrorista, juntar a si, sem relutância, muitos países do mundo ocidental, nos quais Portugal está bem presente, tornando assim estes países também culpados pelos crimes hediondos que têm acontecido por Abu-Grahib, Guantanamo e cúmplices da morte de dezenas de milhares de civis inocentes, tal como os do 11 de Setembro...
É curioso reparar-mos nas diferenças que há entre o pré e o pós-atentados... Antes parecia que o mundo se encontrava num período de estabilidade a todos os níveis, a paz era quase generalizada e tudo parecia ser óbvio, trivial... Agora, vivemos numa incerteza constante, Criou-se um anti-islamismo, a razar o anti-semitismo que fez Hitler chegar onde chegou, e curiosamente, do outro lado, há também um anti-americanismo muito forte... Mas acima de tudo gerou-se o medo... De quê? Do terrorismo... o que é o terrorismo? Raptar dois soldados israelitas é terrorismo... Bombardear uma cidade inteira chama-se retaliação, as mortes são danos colaterais. Não é difícil encontrar definições ambíguas como esta... Estamos a lutar contra o terrorismo, temos medo... Mas não sabemos de quê. Foi este o medo que Bush estrategicamente usou para se manter no poder, e para congregar a si os aliados contra o terror...
Apanhou-se Bin Laden? Sabe Alá onde ele está... Escondido, o cobarde! Acabou-se com o terrorismo? Cada vez há mais... Então, o que mudou nestes 5 anos? Mudou a forma de pensar o mundo, vemos agora as coisas de outro prisma, e, felizmente as pessoas estão cada vez mais conscientes que têm de tomar uma posição... Contra Bush, ou contra o terrorismo... ao estarmos contra Bush somos terroristas, ao estarmos com ele, terroristas seremos. Acima de tudo devemos defender a paz incondicional, deixar os Iraquianos escolherem o seu futuro, condenar os responsáveis israelitas por crimes de guerra, deixar os Libaneses em paz, acabar de vez com o estado judeu, visto não mais os judeus serem perseguidos e agora perseguirem os muçulmanos.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Anti Pessimismo (Um post optimista)

As férias estão a acabar, para muitos já acabaram e agora é a altura de fazer o balanço ao que passou do ano e ao que ainda falta para chegarmos a 2007. Acho que podemos fazer um balanço optimista...
O défice continua bem acima dos 5%... mas ao menos já desceu,
O número de desempregados aumentou... Felizmente o número de postos de trabalho também;
O nosso presidente não disse nada... Foi da maneira que não disparatou como os outros...
Sócrates, esse, disparatou... Mas estávamos à espera que disparatasse mais!
Portugal está na cauda da Europa... Pois, mas a Europa está na frente do Mundo!
O caos do nosso futebol continua e podemos ser excluidos das competições internacionais... Que é que isso interessa, ficámos em quarto no mundial!
Os deficientes continuam com muitas dificuldades para passar as barreiras arquitectónicas... Continuam-nos a dar medalhas, é o que é preciso!
Enfim, alguns exemplos do optimismo no nosso país... Pois faltáva-nos confiança? Aqui a temos, cada vez mais optimistas... Pois com esta confiança haverá muitos portugueses que contrairão empréstimos que não poderão pagar e criarão empresas em menos de uma hora que não poderão sustentar... Força!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Regresso às aulas!

Bem sei que é de mau tom chagar os meus queridos colegas da escola com este assunto nos seus (meus também) últimos quinze dias de férias, mas como eu digo tudo o que penso, e acho importante pensar sobre isto, vou falar-vos daquele período comercial que começa por esta altura, inícios de Setembro, o Regresso às Aulas.
Pois é, nesta altura os papás dos meninos em idade escolar estouram o pouco que restou do subsídio de férias (se sequer o havia!) e o ordenado do mês de Setembro em tralha para os meninos, que é como quem diz, material escolar...
Vamos começar pelo assunto que eu penso ser mais gravoso e que acaba por pesar mais na carteira... os livros! Este ano, segundo a informação da RTP, para o 1º ciclo os livros ficam à volta dos 25 €, para o 2º, para cima dos 75€ e se bem me lembro, para o 3º ciclo, por cada aluno os pais tinham que dispender para cima de 125€, recorde-se que estes têm mais disciplinas que os meses do ano! Ora, mas não está consagrado na constituição, ou na lei que a educação é gratuita e obrigatória!? Bem se, só em livros (material obrigatório, refira-se) se gastam estas quantias, não vejo aonde está a gratuitidade do sistema de ensino. O pior é que entre irmãos (mesmo de idades próximas) os livros nunca são os mesmos.
E agora, depois de criticar, sugiro... Sim porque eu não sou como certos e determinados comentadores televisivos que dizem mal mas não dizem como fazer bem... E sugiro com um bom exemplo de fora, um país que por acaso (ou não) é mais desenvolvido que nós e tem sem dúvida um melhor sistema educacional, a Suíça. Na Suíça, os livros são emprestados aos alunos e têm de ser devolvidos no fim do ano... Os pais não pagam um tostão a não ser claro, que estraguem os livros.
Agora vejamos... porque é que em Portugal tal nunca foi pensado pelos governos? A resposta é simples e se calhar, demasiado repetitiva... lobbies! Claro que se os pais não fossem obrigados a comprar livros diferentes todos os anos, empresas como a Porto Editora, Texto Editora, Areal, Lisboa Editora, Arnado, etc, etc. não lucrariam nem metade. Havia claro está uma opção mais óbvia e melhor para o país. Pois se, por enquanto, a educação (ainda) está entregue ao estado devia ser o estado a elaborar os livros do 1º ao 12º ano conforme as disciplinas, assim teriamos um único livro, um único editor, o programa totalmente respeitado e o estado ganharia dinheiro com isso... Como é óbvio, isso é inconstitucional, por ser contra a liberalização do mercado, mas mais até por ser contra os interesses privados, o consumismo, os ditos lobbies...
Mas claro que a acrescer aos 125 €, 75€ ou 25€, há ainda os cadernos, as canetas, os lápis, as réguas, as mochilas... Aí entra mais uma vez a sociedade de consumo, os privados... Como é óbvio os míudos preferem uma mochila da Floribella ou dos Morangos, em vez de um saco 2 vezes mais barato, mas com tanta ou mais utilidade. É evidente que os cadernos da Flor ou com as carinhas larocas da novela juvenil do Sr. Moniz vendem melhor que os meus cadernos de capa preta da âmbar... Preço dos primeiros: 2,50€-3,50€, preço dos segundos: 0,70€... Até dói a diferença... Claro que os papás seduzidos pelos olhinhos lindos das crianças, acabam por se tentar a comprar os primeiros... Aumentando ainda mais o preço do cabaz da escola, que se caro já era, mais caro se torna.
É por isso que muitos pais hoje têm de contraír empréstimo, até para oferecer a melhor educação aos seus filhos. Infelizmente a educação gratuita e igual para todos é cada vez mais só para alguns... Moral da história. Para ter uma boa educação ou tem pais ricos, ou ganhou a lotaria, ou... foi ao BES.